Mudanças climáticas ameaçam setor elétrico e podem provocar aumento de preços, mostra estudo da Accenture

Salvador, 18/05/2020 – Novo estudo da Accenture revela que 95% dos executivos do setor elétrico associam as mudanças climáticas decorrentes das emissões de gases do efeito estufa ao aumento de eventos meteorológicos extremos nos últimos 10 anos, impactando a estrutura de redes de eletricidade. Para 90% dos gestores, a estimativa de aumento de condições e fenômenos meteorológicos mais severos representam risco financeiro significativo para seus negócios.

Sexta edição do relatório Digitally Enabled Grid da Accenture, o estudo tem como base entrevistas com mais de 200 executivos do setor elétrico de 28 países em cinco continentes. Entre as principais conclusões:

• 73% dos entrevistados afirmam que condições meteorológicas extremas representam um desafio significativo para as operações e para a segurança das redes.

• 92% esperam um aumento de eventos meteorológicos extremos ao longo dos próximos 10 anos.

• 88% acreditam que garantir a resiliência da rede a essas intempéries provocará aumentos de preço significativos para os consumidores.

• Apenas 24% acreditam que seus negócios estão preparados para lidar com o impacto de eventos meteorológicos extremos, enquanto 8% afirmam não estar preparados adequadamente.

“Diversas regiões do mundo estão sendo afetadas por secas, incêndios e enchentes, além da temporada de furacões que começa em breve nos EUA. As mudanças climáticas estão diretamente relacionadas ao aumento da frequência e da intensidade desse tipo de evento, impactando a rede de distribuição elétrica”, analisa Stephanie Jamison, diretora global e líder da área de Utilities da Accenture. “Trazer maior flexibilidade para o sistema, alcançada por meio de tecnologias digitais e emergentes, será um fator crítico para otimizar a resiliência das redes de forma rentável, eficaz e pontual. A gestão ativa da redundância de rede disponível, da geração distribuída e do armazenamento, por exemplo, pode ajudar a manter os níveis de fornecimento de energia sob condições adversas e acelerar o restabelecimento do serviço no caso de falhas na rede”.

Investindo na resiliência da rede

Entre os entrevistados, 95% acreditam que investir na adaptabilidade da infraestrutura – incluindo reconfigurações de rede, armazenamento incorporado, redundância e gerenciamento de tensão – ao longo dos próximos 10 anos será fundamental para aumentar a resiliência de forma geral. Na visão da maioria absoluta (93%), a flexibilidade do sistema seria a abordagem mais eficiente para garantia da resiliência a longo prazo.

A mesma parcela de executivos (93%) afirma que está testando soluções inovadoras para melhorar a resiliência da rede, incluindo sistemas avançados de proteção, tecnologia vehicle to grid (V2C), redes de autocorreção automatizadas e inspeções de fatores de danos realizadas por drones.

No entanto, proporcionar maior flexibilidade à rede ainda é um desafio. Enquanto 95% dos executivos acreditam que o gerenciamento ativo da geração distribuída – incluindo energia solar fotovoltaica, energia eólica e armazenamento de energia – será essencial para apoiar a resiliência da rede a longo prazo, 84% disseram que a falta de informações sobre localização, tamanho, especificação e estado operacional de instalações menores de energia distribuída afetam a resiliência no curto prazo.

O estudo ainda constatou que a falta de orientações e padronização na indústria como um todo atrapalha as ações para aumento da resiliência das concessionárias diante dos impactos de fenômenos meteorológicos extremos sobre a rede. Executivos disseram que suas principais preocupações com o tempo em relação à resiliência da rede incluem ventos muito fortes (23%), enchentes (17%) e geadas e tempestades de neve no inverno (15%).

Amol Sabnis, diretor que lidera a área de operações de transmissão e distribuição na Accenture, avalia que “no longo prazo, as concessionárias podem promover maior resiliência, vinculando os benefícios de grandes investimentos às estratégias de modernização da rede para convencer dirigentes políticos, consumidores e outros stakeholders sobre seus benefícios”. Mas, para o executivo, a COVID-19 aumentou a urgência para lidar com a resiliência da estrutura. “Esta situação está levantando novas questões, como: no caso de uma catástrofe de grandes proporções, de que forma apoiaríamos as equipes de reparos, alimentando e protegendo-as e, ao mesmo tempo, seguindo as medidas de segurança da COVID-19? Quais são as melhores tecnologias para proteger a saúde dos colaboradores, como medição de temperatura, distanciamento social e monitoramento do ar? Essas respostas exigem a união da indústria como um todo. A soma do trabalho humano e da tecnologia é o caminho”, afirma Sabnis.

Metodologia do estudo

O estudo anual Digitally Enabled Grid da Accenture avalia as implicações e oportunidades em redes cada vez mais digitais. Para a edição mais recente, a Accenture entrevistou 206 altos executivos e da vice-presidência de concessionárias em 28 países: Alemanha, Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, China (incluindo Hong Kong), Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, França, Holanda, Índia, Indonésia, Irlanda, Itália, Japão, Malásia, Noruega, Polônia, Portugal, Reino Unido, Singapura, Suécia, Suíça e Tailândia. A pesquisa foi realizada online de novembro de 2019 a janeiro de 2020.

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