Futuro da economia digital depende da eficiência energética

Por Rogério Fujimoto, Chief Operating Officer da green4T

Salvador, 31/08/2021 – A economia digital revoluciona positivamente os negócios em todo o mundo, mas também traz à tona a questão do consumo de eletricidade dos centros de processamento de dados, que podem ser melhor gerenciados do ponto de vista dos gastos energéticos, sem prejuízo à performance e com a devida diminuição de seu impacto no meio ambiente.

Em junho, autoridades irlandesas emitiram um alerta quanto ao risco de apagões de energia no país, caso o aumento expressivo do consumo de eletricidade pelos data centers não fosse controlado. Com 70 parques de processamento de dados instalados, o setor na Irlanda já abocanha 11% de todo o grid gerado, um percentual que deve chegar a 29% até 2028, segundo pesquisa da EirGrid, a operadora do sistema elétrico do país.

O episódio é simbólico. Evidencia o crescimento do setor de data centers na Europa e em todo mundo para suportar negócios, empresas e pessoas nesta nova era digital. Traz à tona também a questão do consumo de eletricidade dos centros de processamento de dados, que podem ser melhor gerenciados do ponto de vista dos gastos energéticos, sem prejuízo à performance e com a devida diminuição de seu impacto no meio ambiente.

Mais do que o desafio, há uma excelente oportunidade a ser aproveitada por toda a indústria de TI e setores relacionados, alinhando-se às boas práticas de ESG (Enviroment, Social and Governance ou Meio Ambiente, Social e Governança).

Para tanto, é preciso empreender uma jornada de eficiência energética, com a implementação de um conjunto de medidas operacionais que garantam faturamento em ascensão com respeito absoluto ao meio ambiente. Elas abrangem principalmente:

1. Otimização do data center: implica em elevar a densidade computacional da estrutura, potencializando o uso dos servidores dentro dos racks. Isso diminui a quantidade de equipamentos instalados, reduzindo o volume de energia necessário para a operação e resfriamento dos ambientes, que passam a ser mais compactos, ocupando menos espaço físico e sem prejuízo à capacidade de processamento;

2. Redução do PUE (Power Usage Effectiveness): implementar soluções desenhadas para oferecer uma relação entre o consumo energético total da empresa versus consumo do TI que fique próximo do índice 1,0, o que classificaria o data center como sustentável sob este critério;

3. Revisão do ciclo de renovação: encurtar os prazos de atualização do CPU conforme a disponibilidade orçamentária, visando maximizar a performance a partir de equipamentos e programas mais modernos. Vale também considerar a implementação de planos de prolongamento da vida útil de peças e componentes, para extrair a máxima produtividade mesmo após o fim da garantia dada pelo fabricante;

4. Transição energética: busca e uso de fontes de energia renováveis e limpas para o funcionamento dos data centers. Este recurso pode ser adquirido de fornecedores certificados ou por meio de “fazendas” geradoras de energia solar ou eólica, por exemplo, associadas ao próprio data center da companhia e,

5. Virtualização e gerenciamento software-defined: gestão da infraestrutura de TI por meio de máquinas virtuais (VMs) e softwares como o DCIM, que unifica e agiliza o processo, permitindo realizar um maior controle do consumo de energia dos racks e equipamentos.

Iniciar este processo implicará na revogação de antigas crenças por parte dos líderes de infraestrutura e operações (I&O) em favor de novas soluções que atuem de forma mais assertiva sobre o tema.

Este é um direcionamento que, aliás, deve ser tomado com rapidez: há cada vez menos tolerância com as companhias que não mantêm sob controle as emissões de carbono em toda a sua cadeia de produção, em razão do impacto disso no aquecimento global, conforme reforça o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC 2021, das Organizações das Nações Unidas (ONU), apresentado recentemente.

Portanto, é hora de agir. No que tange ao setor de TI, o foco principal é potencializar a eficiência energética dos data centers e de toda a infraestrutura a eles associada. Segundo estimativa da agência de energia da Dinamarca, o crescimento previsto dos gastos com eletricidade nos centros de dados e ativos de telecomunicação pode chegar a 15% do consumo global de energia elétrica em apenas uma década, o que torna mandatória a busca por melhorias na gestão deste recurso, bem como estimular fontes renováveis e limpas, para que possam ser utilizadas já no curto prazo.

Dar início a essa transformação da força motriz dos data centers é também uma oportunidade valiosa de novos negócios para a indústria de TI. Assim, a missão reservada aos líderes de infraestrutura e operações (I&O) é encontrar parcerias sólidas, com expertise e capacidade para liderar os planos de ações que tornarão os data centers energeticamente mais eficientes, produtivas e de menor impacto ambiental. Este é um caminho sem volta da economia digital. O planeta e os negócios agradecem.

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