Setor de serviços financeiros brasileiro aposta na Inteligência Artificial para alcançar reinvenção, mostra PwC

Riscos cibernéticos são a principal ameaça ao negócio para 43% dos CEOs

Salvador, 03/02/2024 – A 27ª edição da Global CEO Survey, pesquisa anual da PwC, que ouviu mais de 4,7 mil CEOs em mais de 100 países, incluindo o Brasil, mostra que executivos do setor de serviços financeiros estão atentos à necessidade de reinvenção. Nesse sentido, 74% dos respondentes do setor de serviços financeiros no país acreditam que a Inteligência Artificial (IA) generativa melhorará a qualidade dos produtos ou serviços das empresas nos próximos 12 meses, este percentual é de 64% em outros setores no Brasil e de 59% no recorte global de serviços financeiros.

A disrupção tecnológica e as mudanças climáticas são as duas megatendências analisadas por esta edição do estudo, o setor de serviços financeiros, porém, destaca-se em relação à questão tecnológica. Apesar do impacto projetado pela IA no Brasil, a implementação dessa tecnologia em todas as áreas da empresa ainda é uma realidade distante no país. Dos CEOs brasileiros de serviços financeiros, 23% alegaram esse status de implementação. Na média geral do país, foram 30%.

“Ainda que o estágio de implantação da IA em toda a corporação não seja uma realidade para a maioria dos nossos entrevistados, percebemos o poder de influência dessa inovação. 63% dos CEOs do setor no Brasil acreditam que a IA generativa aumentará a capacidade de criar confiança com os stakeholders e 71% espera aumento na lucratividade com a sua implementação”, avalia Lindomar Schmoller, sócio da PwC Brasil e líder do setor de serviços financeiros.

A 27ª CEO Survey também identificou que para 91% das lideranças brasileiras de serviços financeiros, a IA generativa vai exigir, nos próximos três anos, o desenvolvimento de novas habilidades da maior parte da sua força de trabalho. No Brasil como um todo, a média é de 77%. Para 89% dos respondentes do setor, a IA também irá mudar a geração de valor nas suas empresas e para 83% ela aumentará a competitividade do setor como um todo. No Brasil, esses percentuais médios são, respectivamente, de 72% e 73%.

Os executivos brasileiros foram cautelosos ao traçarem perspectivas sobre os próprios negócios. Influenciados pelas megatendências analisadas na pesquisa, 51% dos respondentes do setor acreditam que os negócios não serão economicamente viáveis em até uma década, se mantido o rumo atual – essa mesma percepção foi de 34% na pesquisa da PwC do ano passado.

“A disrupção tecnológica, as mudanças climáticas e outras megatendências globais em aceleração continuam a exigir adaptação dos CEOs. Ao mesmo tempo, outro sinal de necessidade de reinvenção é o aumento da pressão que os CEOs esperam enfrentar nos próximos três anos por mudanças no modelo de negócios. Em comparação com os últimos cinco anos, os CEOs do setor de serviços financeiros no Brasil preveem que alterações associadas à tecnologia e às preferências dos consumidores terão maior impacto na forma como criam, entregam e capturam valor”, analisa Lindomar Schmoller.

Otimismo

No geral, a pesquisa constatou que o setor de serviços financeiros no país está mais otimista em relação à aceleração da economia brasileira do que a média geral dos respondentes brasileiros. Dos CEOs entrevistados, 60% estão confiantes quanto ao crescimento da economia do país nos próximos 12 meses ante 55% dos CEOs brasileiros de todos os setores ouvidos. O percentual da indústria de serviços financeiros do Brasil também é superior ao da média global do segmento, 47%.

Para além da expectativa favorável sobre o desempenho econômico do próprio país, as lideranças brasileiras de serviços financeiros também estão mais confiantes na aceleração da economia global que no ano passado. No total, 29% dos CEOs do setor no Brasil acreditam que a economia global vai se desacelerar, no levantamento de 2023, esse percentual era de 73%. Já 37% esperam uma aceleração, percentual semelhante à média brasileira e global.

Outro ponto que chama a atenção nesta edição da pesquisa é que fatores que impactaram em mudanças para criação de valor nas empresas nos últimos cinco anos, exercerão um impacto ainda maior nos próximos três anos. Exemplo disso, são as mudanças tecnológicas que impactaram 71% na criação de valor das empresas nos últimos anos e foi citado como um fator de grande impacto para 83% dos executivos nos próximos três anos.

Outros fatores que seguem a mesma tendência são: mudanças na preferência do consumidor, regulação governamental, ações da concorrência, mudanças demográficas, mudanças climáticas e instabilidade da cadeia de abastecimento.

Principais ameaças

A 27ª Global CEO Survey, da PwC, também revelou que os riscos cibernéticos são a principal ameaça ao negócio, citado por 43% dos CEOs brasileiros de serviços financeiros. Esse fator é mais preocupante para o setor do que para a média geral de respondentes do Brasil, 25%. Já as mudanças climáticas são o aspecto que menos traz impacto para o setor, apenas 9% indicaram este tema como uma ameaça.

“As três principais ameaças para o setor de serviços financeiros no Brasil e a percepção geral de todos os segmentos no país são as mesmas, mas a ordem altera um pouco. Para o setor, riscos cibernéticos são a maior ameaça (37%) do que para o país como um todo (25%). Na segunda posição do setor, temos inflação e instabilidade macroeconomica, ambos com percentual de 37%, em comparação com 29% e 31% do total de respondentes”, analisa Schmoller.

Compromisso ambiental

Mesmo as mudanças climáticas fora do rol das principais ameaças para as lideranças de serviços financeiros do Brasil, essa agenda está na pauta. De forma menos expressiva que a média geral nacional em alguns aspectos, mas há esforços, principalmente, para eficiência energética. Dos respondentes do setor, 54% têm ações em curso ou concluídas nessa direção. No Brasil, ao todo, são 71%.

Já 52% dos CEOs de serviços financeiros têm avançado na inovação em produtos e serviços com baixo impacto climático e na implementação de iniciativas para proteger os bens físicos e/ou a mão de obra contra os impactos físicos dos riscos climáticos. Na média no país, essa ação foi indicada como em andamento ou concluída por 50% das pessoas entrevistadas.

“O segmento de serviços financeiros no Brasil está ciente sobre a influência das mudanças climáticas como megatendência que irá gerar impactos na forma de fazer negócio e tem se movido para ser responsável com o planeta e amenizar as consequências financeiras decorrentes desse fator”, aponta Schmoller.

Impeditivos à reinvenção

Se no radar das lideranças ouvidas pela PwC para a 27ª Global CEO Survey há mudanças, a reinvenção pode ter como impasse alguns fatores. No setor de serviços financeiros brasileiro, o ambiente regulatório e as prioridades operacionais concorrentes são apontados como os dois principais inibidores, resultado alinhado ao da média brasileira, mas em uma proporção ainda maior. Os índices do segmento e do país são, respectivamente, 68% e 62%, e 68% e 64%.

“As ações dependerão da estratégia, do modelo operacional, do contexto setorial e do cenário competitivo. Uma questão importante é a realocação ágil de recursos, aspecto que continua demandando atenção dos CEOs. Ao todo, 26% das lideranças do setor de serviços financeiros no Brasil e 21% na média nacional de todos os setores relataram até 10% de realocação de recursos de um ano para outro”, comenta Schmoller.

Mercados mais importantes

Ao considerar os três países mais relevantes para o crescimento do próprio negócio, as lideranças de serviços financeiros do Brasil apresentaram a mesma opinião que a média do país. No topo da lista, estão: Estados Unidos, China e México. De acordo com os resultados, a importância do mercado europeu para o setor diminuiu. Os três países da região que estavam entre os cinco principais no ano passado, Alemanha, França e Reino Unido, foram excluídos da lista. A Argentina, que aparecia na quinta posição, também saiu do ranking, dando lugar à Índia.

Últimas notícias