A nova era dos bancos: abraçando a transformação digital e as inovações em IA

Por Iwona Sikora, Vice-Presidente Sênior da Iron Mountain para a Europa e África do Sul

Salvador, 29/10/2023 – Em uma era marcada por rápidos avanços tecnológicos e por um cenário regulatório em constante evolução, a necessidade das instituições bancárias permanecerem competitivas e em conformidade nunca foi tão crítica. Grande parte desta situação é motivada pelos atuais obstáculos econômicos e pelo aumento dos custos operacionais, que criaram novas pressões sobre os bancos.

Em resposta a estes desafios, nos últimos anos assistimos ao crescimento exponencial da indústria em duas áreas: “life-centric”, construída em torno da operacionalização das necessidades dos clientes, e bancos digitais de nicho que atendem a grupos demográficos específicos. Mais do que tudo, adaptar-se e inovar nesta era de transformação é crucial para que os bancos superem os desafios e permaneçam rentáveis. Então, o que está alimentando esta nova era de transformação?

O poder da inteligência artificial

Os bancos estão aproveitando cada vez mais o poder da inteligência artificial (IA) para combater fraudes, responder à evolução da exigência dos clientes e enfrentar a concorrência de fintechs rivais, menores e mais ágeis. Até 2025, o setor bancário deverá gastar mais de 31 bilhões de dólares na incorporação de IA aos sistemas existentes. Isto, por si só, já nos mostra como as tecnologias de IA estão se tornando indispensáveis para o setor bancário.

Por exemplo, a adoção de algoritmos avançados de IA, grandes modelos de linguagem e modelos de ML de clientes – transmitidos através de soluções inteligentes de processamento de documentos – será crucial para ajudar os bancos a desbloquear melhor os “dados obscuros” e a extrair valor dos dados não estruturados. Eles podem descobrir pontos de dados anteriormente não reconhecidos, expor erros, aprimorar a detecção de fraudes, melhorar o atendimento ao cliente e personalizar ofertas para atender a necessidades específicas.

Os bancos estão integrando soluções de processamento de documentos baseadas em IA nos seus sistemas de detecção de fraudes. Ao aproveitar grandes modelos de linguagem e modelos avançados de aprendizagem automática, o sistema analisa automaticamente os dados das transações, identifica padrões suspeitos e detecta potenciais fraudes em tempo real. Isso melhora a capacidade do banco de se proteger contra atividades fraudulentas, garantindo a segurança tanto da instituição quanto dos clientes.

Chatbots e assistentes virtuais com tecnologia de IA passam por testes rigorosos para garantir imparcialidade e mitigar vieses inconscientes. Esses agentes de conversação inteligentes fornecem suporte personalizado e imparcial ao cliente, capacitando o banco a fornecer um serviço excepcional ao mesmo tempo em que prepara suas estratégias de IA para o futuro.

Mas para aproveitar com sucesso qualquer uma destas inovações, os bancos precisam construir uma estratégia de dados abrangente para toda a empresa. Mais bancos estão abraçando a democratização dos dados através do conceito Data Mesh – arquitetura de dados descentralizada que organiza os dados por domínio de negócio específico. Em vez de serem armazenados centralmente e pertencerem a uma única equipe, a propriedade dos dados é distribuída entre várias equipes, cada uma responsável pelos dados de seu próprio domínio. Isso torna os dados mais acessíveis e valiosos em toda a organização.

Capturando a elusiva Geração Z

Em geral, as exigências dos consumidores estão mudando e as prioridades dos bancos em termos demográficos dos consumidores também. Historicamente, as gerações mais velhas impulsionaram as tendências e os hábitos, mas hoje em dia vemos uma geração mais jovem de consumidores impulsionar a procura de determinados serviços bancários. Em particular, quando se trata de capacidades digitais, mais de 70% dos Millennials e da Geração Z afirmaram que mudariam de banco se isso lhes proporcionasse melhores capacidades digitais.

Para esse efeito, os bancos estão agindo rapidamente. Vários bancos tradicionais começaram a incorporar serviços fintech, como BaaS – Banking as a Service, que envolve instituições financeiras que abrem as suas plataformas a fornecedores terceiros, permitindo-lhes oferecer serviços bancários aos clientes. Enquanto isso, as plataformas Buy Now, Pay Later e soluções semelhantes continuam a ganhar popularidade entre os consumidores da Geração Z.

Fintech incorporada significa mais do que apenas uma tendência, representa uma era de integração e inovação. Mas embora essa abordagem traga muitos benefícios, também apresenta riscos significativos, especialmente em relação à segurança dos dados e à proteção do consumidor. A mudança para essas plataformas exige, portanto, uma transição contínua que também seja compatível.

Criando uma estratégia baseada em dados

A criação de uma estratégia de dados envolve encontrar casos de uso, abordar restrições de infraestrutura legada e investir em recursos para dar suporte às necessidades atuais e futuras. Por exemplo, plataformas inteligentes de processamento de documentos e serviços de conteúdo podem ajudar os bancos a extrair informações valiosas de vastos dados financeiros e de clientes. Além disso, automatizar e simplificar processos pode reduzir entradas manuais, acelerar o processamento e fornecer uma visão abrangente de insights operacionais por meio de painéis intuitivos.

Parceria e integração também são fundamentais. Aproveitar os dados é crucial para a competitividade em longo prazo e requer agilidade e colaboração com terceiros, capacitando os clientes com soluções financeiras personalizadas. Trabalhar com especialistas – seja um fornecedor de cloud, fintech, ou um parceiro tecnológico de confiança – pode ajudar a desbloquear os benefícios da transformação de forma ainda mais eficiente, proporcionar um retorno mais rápido do investimento e ajudar os bancos a alcançar os resultados comerciais desejados sem problemas.

Os limites da regulamentação bancária continuam a mudar frequentemente – estes podem ser complexos e ainda mais difíceis de implementar. No entanto, para terem sucesso neste cenário em mudança, os bancos terão de estar preparados para se adaptarem às novas tecnologias e inovarem os seus processos e ofertas.

Buscar uma transformação digital não deve ser apenas uma opção, mas um imperativo comercial. E, acima de tudo, os bancos devem estar preparados para adotar práticas de dados inovadoras para capacitar os clientes nas suas jornadas financeiras, agora e no futuro.

Em última análise, a necessidade de estabilidade e resiliência no atual clima econômico não tem que estar em conflito com o investimento na inovação. A estabilidade e o trabalho com organizações confiáveis serão princípios orientadores para todos os bancos em todo o mundo.

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