A Inteligência Artificial e a reumanização dos trabalhadores

Por Edgar Garcia, VP da UiPath para a América Latina

Salvador, 20/06/2023 – A Inteligência Artificial segue avançando a passos largos, assim como o medo dos trabalhadores em perder seus empregos. Será que já não vimos esse cenário antes?

A mudança de paradigmas causa desconforto. Saímos do status quo para adentrar num universo desconhecido que, seja como for, nos fará repensar a forma como trabalhamos e readequarmos as nossas vidas. E é assim que vem acontecendo ao longo da história da humanidade.

Quando os robôs industriais foram implantados para ajudar a fabricar carros na década de 1960, novas funções foram criadas para supervisioná-los. Os especialistas achavam que os caixas automáticos (ATMs) substituiriam até 75% dos caixas humanos – em vez disso, os bancos investiram as economias das máquinas para construir mais agências e criar novos empregos de caixa. Da mesma forma, a chegada de IA avançada, como modelos de linguagem grande (LLMs), abriu o caminho para novas profissões, como a engenharia imediata.

De um modo geral, as novas tecnologias tornaram os trabalhadores mais produtivos e contribuíram para impulsionar o crescimento econômico. A ansiedade sobre a substituição de empregos pela IA é compreensível, mas, de várias maneiras, a tecnologia está valorizando o que as pessoas têm de melhor: a sua criatividade.

Segundo análise da Bain & Company, “em meio ao crescimento desacelerado da força de trabalho, capital superabundante e a crescente importância de ativos intangíveis, como propriedade intelectual e redes de clientes, o equilíbrio de poder está mudando do capital para o trabalho. A empresa de hoje exige um novo modelo mental, que reumanize a maneira como pensamos sobre o trabalho.”

Está bastante claro que a IA vai substituir o humano nos trabalhos repetitivos, burocráticos, que podem ser facilmente executados por robôs.Com isso, os trabalhadores precisarão cada vez mais investir em seu capital intelectual com o suporte das empresas. É mandatório que as companhias de todos os setores invistam em seus times e trabalhem com a perspectiva de desenvolverem suas competências. Não serão mais necessários “apertadores de botões”, mas sim, pensadores analíticos, gerenciadores estratégicos, mentes criativas, pessoas com capacidade de envolver e acolher o cliente, profissionais que primem pelo detalhe e que sustentem o olho no olho de um atendimento personalizado. Competências essas que não serão supridas por máquina alguma.

E nesta toada, mudará também a forma como cada um de nós pensa o trabalho. Este será muito mais do que um meio de vida. A questão do propósito, do que temos de melhor para oferecer ao mundo e a nós mesmos ganhará força. Não é muito melhor viver com sentido do que no piloto automático?

Claro que sabemos que as realidades são múltiplas. Mas a transformação já está acontecendo. Então é urgente também adequar essas mudanças provocadas pela IA aos mais diversos cenários de profissionais para que as pessoas possam, de verdade, usufruir dos benefícios da tecnologia, terem meios dignos de subsistência, mas que não vivam apenas para subsistir e sim, com propósito e dignidade. Deixo uma provocação: quem sabe a IA venha justamente para pressionar as grandes corporações a reavaliarem o seu papel mediante a força de trabalho e auxiliar os trabalhadores a se reumanizarem, com o apoio da tecnologia?

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