Tecnologia de bioimpressão para regeneração de órgãos e tecidos chega ao Nordeste

Salvador, 27/09/2022 – A tecnologia poderá imprimir no futuro órgãos como rim, fígado e enxertos cardíacos, o que diminuirá a necessidade de doação de órgãos e também o índice de rejeição e infecção. Trata-se da bioimpressora Dr. Invivo, cuja primeira licença concedida pela Anvisa no Brasil é para tratar lesões de pele, feridas mais complexas, como úlceras do pé diabético, queimaduras, câncer de pele, entre outras. Primeiro procedimento da região Nordeste, acontece no Recife, dia 28 de setembro, no Hospital Otávio de Freitas.

“Essa é uma tecnologia de ponta, inovadora, e que vai ajudar milhares de pessoas. Neste primeiro momento, vamos evitar muitas amputações, principalmente em pacientes portadores de pés diabéticos e com feridas de difícil tratamento. A princípio, ela está disponível para a rede privada, mas esperamos que em breve seja ofertada a pacientes do SUS também, pois o tratamento tem um ótimo custo-benefício e trará uma grande economia ao governo”, explica Dr. Maurício Pozza, sócio-proprietário da 1000Medic, empresa responsável por trazer a tecnologia para o Brasil.

Ele explica que ao compararmos a eficácia da bioimpressora com os tratamentos utilizados atualmente, a diferença é muito grande. “Um estudo realizado nos EUA, por exemplo, mostrou que a terapia de regeneração tissular com Dr. Invivo custa menos que os tratamentos convencionais existentes. Além disso, os resultados são mais rápidos, a cicatrização total das feridas em mais de 85% dos pacientes tratados aconteceu em apenas 30 dias.”

Ele comenta também que, em muitos casos, não existe atualmente outra opção que não seja a amputação. Além disso, feridas tratadas de forma convencional têm um tempo de tratamento, quando efetivo, de 6 meses, aproximadamente. Com isso, o paciente passa por longos períodos sem um resultado efetivo, com internações prolongadas e de alto custo. Tudo isso impacta a sociedade como um todo.

Além disso, Pozza explica que com essa tecnologia o paciente poderá voltar a vida ativa mais rapidamente, além de economizar com procedimentos cirúrgicos recorrentes, uso de próteses e diversos outros custos relacionados, como reabilitação, uso de medicações, longos períodos de internação, etc.

Como é feita a bioimpressão dos tecidos

O primeiro passo é fazer um debridamento do ferimento, ou seja, é retirado todo o tecido necrosado. Depois, tira-se uma foto dessa ferida com o auxílio de um Ipad que possui um software 4D, ele mede todas as dimensões do ferimento. Em seguida, a foto é enviada para a bioimpressora.

O próximo passo é fazer uma pequena lipoaspiração da região abdominal do paciente, onde está o tecido adiposo rico em células-tronco. Esse tecido é microfiltrado e logo em seguida é misturado com uma cola natural de fibrina.

Para produzir o curativo biológico, um reagente é introduzido na impressora e dá origem à base do tecido, na sequência o material com as células-tronco é adicionado para formar o curativo. Esse curativo biológico fica pronto em cerca de 7 minutos. Assim que estiver pronto já é colocado em cima da ferida, que permanece fechada por 30 dias, tempo necessário para acontecer a cicatrização. Todo processo cirúrgico dura em torno de 30 minutos.

Onde o tratamento é realizado

Inicialmente, os kits de tratamento para a confecção do adesivo biológico estarão disponíveis nos hospitais detentores da bioimpressora. Os hospitais e clínicas que quiserem adquirir a impressora e os kits poderão fazê-lo por meio da 1000medic, distribuidora exclusiva do equipamento no Brasil. Atualmente, já foram realizados três procedimentos no Rio de Janeiro, no Hospital Quinta D’Or, dois em São Paulo, no Hospital Nove de Julho e três casos em Pato Branco no Hospital Thereza Mussi e o equipamento já está sendo disponibilizado para uso comercial em todo o Brasil.

No futuro próximo, a ideia é que tenham distribuidores nas quatro regiões do Brasil para atender casos selecionados.

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