Empresas nativas digitais promovem agricultura baseada em dados e Inteligência Artificial

Agrobit, Agrotools e GHT impulsionam a democratização da agricultura inteligente para produtores da América Latina

Salvador, 10/07/2023 – A agricultura é essencial para o ser humano. É a fonte de subsistência e contribui para a segurança alimentar e a saúde de todas as nações. Por isso, devido ao crescimento populacional, o mundo precisará aumentar a produção de alimentos em 50% a 70% até 2050, segundo a Organização das Nações Unidas.

Os 28% da superfície do planeta adequada para o cultivo estão na América Latina, e existem desafios significativos como a conectividade rural, o uso da água, o aumento de gases de efeito estufa e, finalmente, o impacto da mudança climática, já levando a uma redução de pelo menos 21% na produção global de alimentos.

Com 576 milhões de hectares de terras agricultáveis, a América Latina contribui com 14% da produção agrícola mundial e com 23% das exportações agrícolas. Além disso, há cerca de 15 milhões de agricultores.

Para Herbert Lewy, Gerente Geral de Agricultura Inteligente e Bioeconomia para a Microsoft na América Latina, hoje essa região tem a oportunidade de alimentar o mundo de forma sustentável, aumentando a produção e ganhando eficiência especialmente com a agricultura orientada por dados: “Empresas nativas digitais como Agrobit, Agrotools e GHT estão impulsionando a democratização da agricultura inteligente para todos os produtores da América Latina.”

Soluções para melhorar a agricultura

A tecnologia tem tido um papel essencial para impulsionar a agricultura e transformá-la em agronegócio, ou Agtech, que começa com a melhoria dos processos de plantio, colheita e distribuição, passando pela digitalização, contando com inteligência artificial (IA) para prever futuros pedidos de produtos, até o desenvolvimento de soluções para gerenciar riscos.

A América Latina concentra exemplos importantes de como as empresas nativas digitais promovem a agricultura por meio de soluções inovadoras que aumentam as capacidades dessa indústria.

No Brasil, a Agrotools nasceu da visão de promover a agricultura por meio da geotecnologia e da inteligência de dados. Direcionada para indústrias que compram matérias-primas para agricultura, pecuária, indústria de insumos, instituições financeiras, como bancos e cooperativas de crédito para agricultura, entre outras, a empresa possui um ecossistema completo de aplicativos, ferramentas, APIs (Application Programming Interface), dashboards e outras soluções prontas para uso, que permitem que essas empresas façam as coisas de forma mais rápida, tenham melhor gerenciamento de riscos e atendam aos aspectos regulatórios.

“Somos uma empresa multicloud, com infraestrutura baseada na Microsoft, aproveitamos o Planetary Computer para nossas soluções e trabalhamos lado a lado com a equipe da Microsoft Research para desenvolver novos produtos”, afirma Lucas Tuffi, diretor de estratégia da Agrotools.

Os benefícios oferecidos por suas soluções são variados. Como, por exemplo, a redução do tempo que um banco leva para realizar a avaliação de uma garantia que pode ser uma fazenda. Anteriormente, era preciso enviar uma pessoa para receber as informações presencialmente e depois validá-las. Esse processo, às vezes, pode levar até um mês e, graças a um produto desenvolvido pela Agrotools, essa avaliação passou a ser feita em minutos, de forma remota, o que proporciona mais agilidade e custa 10 vezes menos do que uma avaliação presencial.

Em relação à gestão de riscos, a Agrotools possui soluções que permitem às empresas monitorar e avaliar instantaneamente de onde vem a matéria-prima que adquirem, seja de um frigorífico ou de uma trading de commodities, e saber se o produto tem origem em uma região crítica para a política global da empresa. “Todas as empresas, independentemente do seu setor, têm riscos ao operar em negócios agrícolas, esses riscos podem ser sociais, ambientais, morais, climáticos, biológicos. Nós os ajudamos a acompanhar todos esses risco”, afirma Tuffi.

Para a conformidade regulatória, a Agrotools criou um algoritmo que usa IA, e permite que uma cooperativa de crédito gere coordenadas geodésicas de uma fazenda instantaneamente e monitore todo o desenvolvimento de sua lavoura, que são enviadas a um Banco Central para aprovação de um empréstimo para um agricultor. Esse processo, que é uma regulamentação obrigatória, anteriormente, era feito à mão, onde um analista desenhava e coletava todas as coordenadas e depois as enviava ao Banco Central.

Coleta de informações

A Agrotools mudou a forma como as empresas trabalham por meio de suas soluções. Com o GIX, um aplicativo mobile, eles oferecem aos seus clientes, sejam instituições financeiras, empresas de nutrição animal ou fornecedores de matéria-prima, um processo facilitado de coleta de informações das fazendas. Essas informações antes eram coletadas em notebooks e com câmeras, agora, graças ao GIX, eles podem coletar evidências e melhorar sua análise de forma remota, mesmo que não tenham conexão com a internet.

Mas eles também têm flexibilidade para adaptar suas soluções para empresas de diferentes portes. “Quando falamos sobre nossas soluções, pensamos nelas como se fossem um conjunto de blocos de construção”, diz Tuffi. Os clientes maiores podem comprar o conjunto completo, o que os ajudará a atingir seus objetivos. Mas, empresa de médio ou pequeno porte podem comprar um ou dois blocos, apenas os que precisam para atender necessidades específicas.

Para Tuffi, “a inovação vem de cenários que, em sua maioria, têm caos”. Ele tem a visão de que, quando há muitos desafios, como falta de conectividade e poucos dados, ou informações disponíveis, é preciso deixar a inovação entrar no negócio, para que ela mude todos os processos.

Flores de qualidade da Colômbia para o mundo

Segundo dados da Statista, a Colômbia é o segundo maior exportador de flores do mundo, atrás da Holanda e acima do Equador, e a GHT, empresa colombiana que agrupa 50 empresas de floricultura sob seu nome, é um dos maiores players desse setor. Em um ano, eles podem enviar um bilhão de flores e suas flores estão presentes em algumas das maiores redes de varejo dos Estados Unidos.

Para manter esse nível de consistência e qualidade e garantir que o produto chegue no prazo e bem apresentado aos clientes, é preciso contar com a tecnologia. “Quando você tem no mesmo cluster 50 empresas que competem e colaboram entre si, você deve ter a sua cadeia de suprimentos sincronizada, manter uma certa qualidade, ter bons prazos de entrega, e isso sem tecnologia seria impossível de alcançar”, diz Luis Suárez, vice-presidente de serviços empresariais e transformação da GHT.

Por 15 anos, a GHT trabalhou lado a lado com a Microsoft e usou sua tecnologia para desenvolver um sistema que integra sua cadeia de suprimentos. De acordo com Suarez, eles tentaram diferentes soluções do Visual Studio, .NET, ferramentas para RPA, Power Apps e muito mais. “Somos pioneiros em Business Intelligence, esse produto se tornou o oráculo da organização, chamamos de Verdade Única”, diz Suárez, sobre a suíte de business intelligence onde estão centralizadas todas as suas informações, relatórios e dados de todas as fazendas e que, para ele, é um forte exemplo de como democratizar a tecnologia em uma organização e permitir que ela passe para o próximo nível.

Mas antes de ter a Verdade Única, tudo era feito manualmente, com lápis e papel. “A parte mais difícil foi tentar convencer as pessoas a largarem a caneta e o papel e usar os dados que viam na tela do computador”, diz Luisa Ortega, responsável por processos de qualidade e pós-corte do GHT.

Graças à implementação da tecnologia, a GHT faz a rastreabilidade completa de todos os seus processos e, agora, consegue saber o que é plantado em cada fazenda, saber se há pragas e doenças nas estufas e até a estimativa de quanto será produzido. Possuem total visibilidade dos processos de produção, pós-colheita e vendas. Além disso, conseguiram reduzir significativamente a porcentagem de flores não utilizadas que acabavam virando fertilizantes. Antes, esse percentual estava em 8%, agora, graças à implementação da tecnologia eles representam apenas 1%.

“Vendemos sensações, sentimentos, então saber quais cores de flores temos na produção é de vital importância para o departamento comercial”, diz Ortega. Para ele, tem sido de grande ajuda utilizar uma tecnologia que permite controlar que apenas o que eles aprovaram é plantado e nas proporções previamente definidas.

Mas a tecnologia não só beneficiou a GHT, como também beneficiou o cliente final. Segundo Suárez, a tecnologia aumentou a vida útil do vaso, o tempo que a flor de corte mantém suas qualidades decorativas e termina quando aparecem sintomas claros do envelhecimento. “Quando uma pessoa compra rosas, elas duram pelo menos dez dias como se fossem novas. Com a tecnologia, conseguimos massificar as previsões de produção e ter flores quase que instantaneamente, ganhando mais três ou quatro dias de vida em vaso”, diz Suárez.

Na GHT eles sabem da importância da inovação para a continuidade dos negócios. Dentro da empresa, eles têm equipes de implementação para desenvolver aplicativos fáceis de gerenciar. A empresa possui uma área voltada especificamente para low code, que visita as fazendas e as capacita em sistemas RPA (automação robótica de processos), Power Apps, Power BI e outros, que têm permitido o desenvolvimento de soluções, inclusive para as mesmas pessoas do fazendas. Essas soluções de baixo código são implementadas no Web Flowers, o pacote principal do GHT.

A transformação digital da GHT foi um processo que começou de dentro para fora, eles começaram a padronizar seus processos através da tecnologia e graças aos seus desenvolvimentos, suas flores parecem mais duradouras nos vasos dos seus clientes.

A transformação digital do campo argentino

A Agrobit, é uma empresa argentina de tecnologia que começou com software agrícola há 40 anos e, em 2019, usou IA e aprendizagem de máquina para criar o primeiro sistema de agricultura inteligente do país. A Agrobit trabalhou com a Microsoft para desenvolver uma plataforma personalizável, baseada em nuvem e, em seguida, acelerar sua certificação e entrada no mercado para levá-la aos agricultores e viticultores mais rapidamente.

A Argentina é uma potência agrícola, considerada uma das principais fornecedoras de alimentos do mundo, especializada em vinho, carne bovina, soja, entre outras culturas. Portanto, os viticultores e agricultores do país têm uma grande influência na produção global de alimentos.

A Agrobit trabalhou com a Microsoft para criar uma plataforma personalizável baseada no Azure e, em seguida, acelerar sua certificação e entrada no mercado para levá-la aos agricultores e produtores de vinho mais rapidamente. A Microsoft já tinha experiência no setor por meio de seus projetos FarmBeats e FarmVibes, que usam dados de sensores, drones, satélites, tratores conectados e outros equipamentos da fazenda para alimentar ferramentas e algoritmos com inteligência artificial que transformam dados em inteligência.

A primeira plataforma habilitada para IA da Agrobit se concentrou em soja, milho e trigo, e se expandiu para ajudar a gerenciar outras 50 culturas diferentes, incluindo limões, tomates e abacates, todos cultivados em cerca de 7 milhões de acres das fazendas de seus clientes. “O sistema está em constante aprimoramento, ajudando os produtores a obter maior produção e reduzindo insumos, como sementes, água e fertilizantes, colocando quantidades precisas em locais precisos para criar um modelo mais sustentável de produção de alimentos”, diz Horacio Balussi, CIO e fundador da Agrobit.

Com a plataforma da Agrobit, os agricultores podem executar diferentes cenários para anos secos ou úmidos e adicionar mudanças nas regulamentações governamentais, avaliações de mercado e taxas de câmbio, combinando todos os requisitos específicos de safra e colheita para cada tipo de cultura e, desta forma, chegar rapidamente a planos e orçamentos completos para ajudar na tomada de decisões, diz José Avalis, tecnólogo da Agrobit.

O sistema pode até sugerir um tipo diferente de cultura que pode funcionar melhor para uma determinada temporada com base em todos esses parâmetros. E os aplicativos funcionam em computadores conectados no escritório, bem como dispositivos offline no campo. “Os clientes da Agrobit veem uma economia geral de custos de até 30% quando implementam recomendações de sistemas”, afirma Avalis.

Por meio de sensores, satélites e algoritmos, sob a tutela de agrônomos, cientistas de dados e desenvolvedores de software, sistemas como o da Agrobit monitoram as condições do ar e do solo e as previsões para o campo e enviam alertas aos agricultores sobre quando é o melhor momento para plantar, regar, adubar, capinar e colher uma cultura específica.

A cada passo do satélite, o sistema monitora o crescimento das plantas e sugere ações. E o aprendizado de máquina ajuda o sistema a aprender continuamente as melhores práticas para cada região e melhorar cada temporada para ajudar os agricultores a aumentarem a qualidade, a eficiência e a economia de custos. Isso ajuda os produtores a acompanharem remotamente, oferecendo a capacidade de cultivar áreas maiores e liberando tempo para outras atividades.

A tecnologia democratiza o acesso a informações, soluções e plataformas que ajudam a melhorar os processos internos e externos da agricultura, para torná-la mais eficiente, rentável e ambientalmente sustentável. Na Microsoft, estamos comprometidos em continuar a impulsionar o setor agrícola por meio de nossas soluções, para ajudar nossos clientes a desenvolver soluções que continuem a permitir a transformação digital em um setor tão essencial para o desenvolvimento das pessoas.

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