Metade das startups brasileiras não faturam

Márcio Pacheco Jr., CEO e fundador da PhoneTrack

Empresários inovadores passam pelos mesmos problemas das companhias convencionais: alta tributação, burocracia e falta de profissionais capacitados

Salvador, 02/03/2020 – Pitch, MVP, business model CANVAS, earnout, crowdfunding, growth hacking, pivotar. Nem só de termos difíceis vivem os empreendedores de startups, modelo de negócios que se firmou no Brasil durante a última década. Inspirados no rápido crescimento e popularização de startups como Über, Airbnb, Dropbox, Snapchat, Pinterest e Spotify e, principalmente com a crise de emprego no Brasil em 2017-2018, houve um boom desse tipo de empresa no país, nos últimos três anos. Segundo o relatório Startupbase, da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), a quantidade de empresas startups cadastradas na associação dobrou entre 2012 e 2017, indo de 2519 negócios para 5147. Hoje, já são 12.881 empresas seguindo esse modelo.

De acordo com o coordenador da pós-graduação em Criação e Gestão de Startups da Universidade Positivo, Cleonir Tumelero, startups são empresas inovadoras, com rápido crescimento e vendas escaláveis – ou seja, cujos modelos de negócios podem ser replicados. O conceito de startup também está relacionado com o tempo de existência da empresa, indicando uma empresa relativamente recente. “Nem todas as pequenas empresas recém-criadas são startups, porque esse tipo de empresa é idealizada para atingir um crescimento rápido e com escalabilidade, trabalhando em condições de extrema incerteza mercadológica. Para isso, são adotadas metodologias como o growth hacking, estratégia que tem como objetivo potenciar a empresa a crescer de maneira rápida e sustentável”, explica.

Mais de 63% das startups nacionais estão nas regiões Sul e Sudeste. Ainda segundo a ABStartups, pouco mais de 1.500 startups têm mais de 6 anos. Para Tumelero, isso pode indicar três fatores: 1) o mercado brasileiro é bem recente e tem grande potencial de crescimento; 2) algumas empresas com mais de 6 anos não se consideram mais startups e 3) muitas startups não conseguem acessar financiamento e capital de risco e não  sobrevivem por mais de 5 anos. “Se considerarmos que em levantamento recente da ABStartups, 82% das associadas declararam não ter recebido investimento e apenas 1% declararam ter recebido um aporte na primeira rodada de investimentos”, o cenário não parece animador”, ressalta.

Os dados de faturamento não são melhores: aproximadamente 50% das startups mapeadas em todo Brasil ainda não faturam e apenas 3,4% faturam entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão ao ano. “Ou seja, há dinheiro entrando, mas não circulando em todos os âmbitos do ecossistema. E esse é um dos desafios para os próximos anos, ao pensar em um crescimento sustentável do ecossistema”, aponta o especialista.

Principais desafios

Os caminhos para Márcio Pacheco Jr. chegar à consolidação da PhoneTrack não foram os mais fáceis. O CEO e fundador da startup curitibana conta que enfrentou diversos desafios e obstáculos, principalmente no início do negócio. “A começar pela burocracia para abrir uma empresa no Brasil, independente se é uma startup ou não”, afirma. Para se ter uma ideia, são necessários cerca de 45 dias para a legalização integral de uma companhia no Brasil.

A PhoneTrack atua na área de tecnologia e é referência em call tracking, utilizando a inteligência artificial para o monitoramento e mensuração das chamadas telefônicas. A startup foi fundada em 2015 e atualmente já contabiliza mais de 700 clientes, entre agências de marketing, hotéis, clínicas, concessionárias e muitos outros segmentos que utilizam a plataforma para análise completa dos dados de ligações telefônicas. Entre outros fatores, Pacheco cita também a alta carga tributária e a capacitação profissional como alguns dos obstáculos que enfrentou no meio do caminho, tanto na área financeira, quanto em termos de recrutamento.

A falta de capacitação também é citada por Tumelero como um dos principais obstáculos para o crescimento das startups brasileiras. As oportunidades em fintechs, edtechs, adtechs, cleantechs, agtechs, dentre outros setores como blockchain, life sciences, new food, advanced manufacturing (indústria 4.0) e robótica estão cada vez maiores – o que falta são profissionais preparados para encarar esses desafios”, finaliza.

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