Baianas desenvolvem primeiro capacete de ciclismo para cabelos afros

Salvador, 23/05/2022 – O ciclismo é uma atividade que utiliza a bicicleta como meio de locomoção e para fins esportivos. Para praticar essa modalidade com segurança há equipamentos como o capacete. Esse acessório, que é um item de proteção importante, não tem sua estrutura elaborada para pessoas que têm cabelos volumosos. A partir de um sentimento de dor pessoal, um grupo de mulheres baianas, liderado por Livia Suarez, começou a questionar essa pouca acessibilidade dentro da cultura da bicicleta e decidiu criar um projeto para atender essa necessidade da comunidade preta.

A ideia de criar o “Capacete de Ciclismo Fortheblacks” surgiu em 2019. Livia Suarez explica que o principal intuito do projeto é incluir a população negra na modalidade. “O objeto foi criado para pessoas negras que têm cabelos afros, crespos e/ou volumosos. Pensando que os produtos de ciclismo, especialmente o capacete, não são feitos para esses tipos de corpos, um dos pontos que a gente considerou foi o diâmetro adequado. Tornar o ciclismo cada vez mais popular só é possível se os acessórios também forem acessíveis”.

Uma pesquisa realizada pela empresa Tembici aponta que o ciclismo cresceu 61% em Salvador durante o período pandêmico. A capital baiana é a mais negra do país, logo, tem um público que precisa ser atendido. De acordo com a empreendedora, a elaboração desse produto vem de uma necessidade de mercado e de inclusão. “É pensar que aquele imaginário de ciclista, homem branco e com roupa esportiva, já não existe mais. Existe um novo perfil, na verdade, sempre existiu, mas essas pessoas não eram pensadas. Então, o capacete vem para incluir e para se adequar”, ressalta Lívia.

O produto, que foi contemplado pelo Edital Inventiva, da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb), que é vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), está na etapa de finalização dos moldes. Lívia quer expandir o negócio e disponibilizar o produto no mercado internacional. “Estamos finalizando a etapa de fabricação dos moldes. Depois, é lançar na rua e vender muito. Queremos ir para áreas internacionais e lojas grandes. A ideia é expandir, não ser só um produto nacional”, diz.

Além de Lívia, o projeto conta com o apoio dos colaboradores Antonio Gabriel, Neymar Leonardo e Tamires Pereira. E tem parceria com Itaú, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba). Livia Suarez, que é moradora de Salvador, também é CEO da Bicipreta, empresa que desenvolve o capacete e outros acessórios e presta serviços de ciclismo para pessoas negras.

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