Voice Commerce: entenda a nova tendência que está sendo amplificada no mercado mundial

Salvador, 28/03/2021 – Diferente dos chatbots, os assistentes de voz têm como sua principal forma de interação a fala. Aplicativos móveis e sistemas operacionais já utilizam desse meio para otimizar a experiência do usuário, seja no setor automotivo, varejo, educação, saúde ou ambientes de telecomunicação. Denis Shirazi, CEO da 20DASH, startup que propõe e desenvolve soluções interativas e personalizadas de comunicação baseadas em tecnologia para grandes companhias, explica que o chamado “voice commerce” ou comércio de voz é uma tecnologia que faz uso da voz como parte essencial para o processo de compra realizada online e tem se mostrado uma das tendências mais promissoras no mercado.

Segundo a agência americana Delineate, países como Estados Unidos e Reino Unido obtêm em média 2 milhões de dólares por ano em compras feitas via comando de voz, com estimativa que esse número chegue até 40 milhões de dólares no ano de 2022. Estes valores devem-se aos muitos dispositivos usados diariamente que possuem assistentes de voz, como os Smartphones e os Smart Speakers, ajudando os usuários até em suas tarefas mais simples. De acordo com um levantamento feito pela Adventures Inc., empresa de marketing e comunicação, o percentual de consumidores no Brasil que já utilizam as assistentes de voz para fazer buscas na internet é de 40%.

Para Denis Shirazi, as assistentes de voz virtuais, assim como tudo que envolve hoje a Inteligência Artificial (AI), está apenas em um início, porém já o considera promissor. “Assim como o e-commerce e o m-commerce conquistaram seu espaço após um tempo de maturação e confiança na tecnologia, veremos um crescimento enorme do voice commerce, pedindo a entrega do supermercado com a nossa lista de mercado já feita durante toda a semana, pedindo a pizza e finalizando compras desejadas”, explica.

Tanto o e-commerce, ou comércio eletrônico que refere-se a varejo, compras online e transações eletrônicas, quanto o m-commerce ou mobile commerce, que representa o comércio via dispositivos móveis, são canais virtuais de venda de suma importância e em ascensão mercadológica.

Contudo, apesar de estar em constante evolução, a tecnologia de reconhecimento de voz ainda é recente. Isto é perceptível em vista de seus desafios como a limitação de compreensão de comandos, a qual por vezes acaba não sendo precisa. Com relação a isso, Shirazi comenta que esta tecnologia ainda será tão popular a ponto de ser considerada comum no cotidiano. “Assim como foi iniciado esse mundo de apps e ações ‘mobile’ que transformaram nosso dia a dia e como executamos as tarefas, será com as assistentes virtuais. A cada dia mais os desenvolvedores estão voltando suas atenções para criação de ações mais interessantes e os fabricantes atentos às limitações tecnológicas atuais para evolução do Hardware”, comenta o especialista.

Outra preocupação dos usuários em torno das assistentes virtuais é em relação à segurança e privacidade dos dados pessoais. Conforme uma pesquisa da Microsoft indica, 41% dos donos de dispositivos inteligentes dizem se preocupar com a privacidade de seus dados e a escuta passiva dos aparelhos, ou seja, quando o aparelho está ouvindo o que é falado ao seu redor sem a necessidade de ser acionado.

“Neste quesito as assistentes virtuais chegam em um momento mais consolidado na definição de responsabilidades sobre a privacidade de dados do indivíduo. No mundo inteiro já vemos governos definindo leis específicas sobre o tema, como a LGPD brasileira e a RGPD europeia, criando agências de regulação de mercado e punindo infratores”, afirma Shirazi.

Indústrias tradicionais, como a da saúde, também se beneficiam das tecnologias por voz

As tecnologias por voz já estão presentes nos mais variados setores da sociedade. Dentre eles, o da saúde já faz importantes experimentos com essa tecnologia para otimizar processos.

Um exemplo é o que acontece em Boston, no Centro Médico Beth Israel Deaconess (BIDMC), o atendimento médico é feito por meio dessa tecnologia. Os pacientes podem pedir para a assistente de voz chamar uma enfermeira em vez de precisarem apertar o botão ao lado da cama. Do mesmo modo, dúvidas acerca da dieta e dos remédios a serem tomados podem ser tiradas com a mesma.

Denis Shirazi esclarece que a indústria da saúde já vem há algum tempo tomando o pioneirismo ao aderir a tecnologias como Realidade Aumentada (AR), Realidade Virtual (VR) e Inteligência Artificial (AI).

“Nesse contexto, as assistentes virtuais poderão realmente auxiliar tanto o médico em uma sala de operação a ter informações técnicas precisas em um momento crítico, como ajudar os pacientes em suas mais diversas necessidades. Um dos caminhos mais claros para isso é a saúde mental, onde já é possível monitorar o estado de humor de um paciente mais crítico e tomar ações rápidas previamente definidas, ajudando numa melhor recuperação a partir de atividades propostas. Os idosos também tendem a se beneficiar muito com as assistentes virtuais”, diz o especialista.

De “ouvido” nas tendências para o futuro

Segundo um relatório da consultoria inglesa Juniper Research, estima-se que existirão 8 bilhões de assistentes de voz em uso até 2023, tendo em vista seu constante crescimento.

Atentos a essa movimentação, as cinco maiores empresas de tecnologia mundial (Apple, Microsoft, Amazon, Google e Facebook) já possuem iniciativas criadas para assistentes virtuais e a tendência é que a tecnologia se consolide no mercado.

“Dentre os múltiplos canais de comunicação e vendas que as empresas disponibilizam hoje, a voz será mais um deles e no futuro um dos mais importantes. E não apenas essa interação com assistentes virtuais na residência do usuário, mas também nas lojas físicas. Pensar hoje em como adotar essa tecnologia, como algumas já estão fazendo, garante que a empresa chegue no futuro com experiência e domínio para atender uma demanda que crescerá exponencialmente”, conta Denis Shirazi.

Apesar do grande crescimento previsto desta tecnologia, o especialista em tecnologia não acredita no desaparecimento do celular em um futuro próximo, mas sim no seu uso apenas como um dos meios em um mundo de dispositivos conectados.

“Se eu quiser ver como é o último lançamento de um tênis, eu posso pedir para a assistente virtual mostrar em minha TV ou na tela que tiver mais próxima. Ou ainda poderei usar meus óculos de realidade aumentada/virtual para me ver vestido com ele. Além disso, a rede 5G nos mostra que o futuro é conectado e que cada vez mais veremos dispositivos conectados seja em casa ou onde estivermos”, analisa Shirazi.

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