Pesquisa mostra que 54% dos usuários das periferias do Brasil aumentaram o uso de carro por app

Salvador, 05/09/2020 – Moradores das periferias do Brasil estão utilizando o transporte por aplicativo com maior frequência (554) para evitar aglomerações e contaminação pelo coronavírus no deslocamento (43%). Ainda assim, quase um quarto dos entrevistados não conseguiu cumprir o isolamento social no período de quarentena e precisou sair todos os dias para trabalhar (19%). Outros 32% afirmaram já ter voltado efetivamente para as ruas nos últimos quatro meses.

Para enfrentar essa jornada, muitos deles optaram pelo uso do app da 99, resultando em um aumento nas viagens realizadas pelo quartil mais pobre das cidades pesquisadas. Por outro lado, ainda entre os meses de fevereiro e agosto, as corridas feitas pela parcela mais rica caiu, o que pode ser explicado pela possibilidade das pessoas com maior poder aquisitivo poderem aderir ao home office. Belo Horizonte, por exemplo, foi a cidade com maior impacto: a parcela mais pobre da população ampliou em 38% suas viagens por carros de aplicativo enquanto a parcela mais rica apresentou queda de 41%.

Somado a isso, 83% dos respondentes das periferias brasileiras sofreram impacto econômico significativo em suas finanças e afirmam que passaram a viver mais o próprio bairro, comprando e realizando serviços perto de casa, durante a pandemia. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em maio, a taxa de desocupação do país no primeiro trimestre do ano foi de 12,2%, com aumento de 1,3 pontos percentuais em relação do quarto trimestre de 2019, quando ficou em 11%.

Essas são algumas das conclusões da pesquisa “Como as periferias se reconectam com a cidade”, realizada no final de julho pela 99, empresa de de tecnologia ligada à mobilidade urbana. A plataforma investigou a mobilidade urbana durante a pandemia nos bairros periféricos de quatro capitais brasileiras, identificando mudanças de comportamento entre os passageiros de Manaus, Porto Alegre, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.

Mesmo diante do aumento da utilização dos apps no dia a dia, os deslocamentos para o trabalho nas capitais pesquisadas ainda são realizados majoritariamente por meio de ônibus e de trem/metrô. Os carros por app respondem por 35% do uso. Em São Paulo, o principal fator de decisão para a escolha é o valor total do deslocamento – Grajaú se destaca pelo uso de trem e metrô, o que está relacionado com a presença de terminal no bairro. No Rio de Janeiro, o tempo do trajeto é mais relevante.

Para atividades rotineiras, o preço é o maior fator de decisão para o deslocamento. A comodidade ganha mais relevância em ocasiões esporádicas como lazer e visita a família e amigos. Durante a pandemia, a segurança em relação à Covid-19 também aparece com grande relevância. 43% dos entrevistados estão preocupados com a contaminação do coronavírus no transporte.

“A pesquisa reflete nosso compromisso para democratizar o acesso às cidades por meio do transporte. Antes da pandemia, a maioria das nossas corridas já ocorriam fora do centro expandido. Diante de um impacto econômico e social tão grande, vimos a demanda nas regiões periféricas crescer ainda mais. O aumento de viagens realizadas pelos quartis mais pobres das cidades é uma tendência por todo o Brasil. E, por isso, estamos focados em garantir soluções acessíveis e seguras para todos”, explica a diretora de Comunicação da 99, Pâmela Vaiano.

Para apoiar quem vive na periferia ou fora dos centros expandidos, a 99 criou novas categorias no aplicativo. Entre elas, o 99Poupa, opção para viagens com preços até 30% mais baratos para os passageiros e em horários de menor demanda; e o 99Entrega, que possibilita aos usuários enviarem objetos pessoais a amigos e familiares de forma simples, segura e rápida, respeitando o isolamento social. Ambos já estão disponíveis em São Paulo. Outro lançamento, ainda não disponível na cidade, é a 99Pay, carteira digital, que traz benefícios financeiros reais para os usuários, como cashback e descontos nas corridas e serviços de pagamento (boletos bancários e recarga de celular, por exemplo), além de atender uma parcela da população desbancarizada.

Perfil dos usuários nas áreas de periferia

Dos passageiros que transitam nas áreas pesquisadas, a maioria é mulher (67%), têm entre 25 e 34 anos (33%) e pertence a classe C (54%). Dos entrevistados, 94% estão utilizando o carro por app: 54% já usavam o serviço e passaram a utilizar mais durante a pandemia.

O carro próprio não é uma opção para a grande maioria, mais de 60% em cada cidade não tem carro. Em Salvador, o número chega a 71%. Do total de entrevistados nas três cidades, 76% não pretende comprar um carro nos próximos seis meses.

Dentro do próprio bairro, a maioria das pessoas se desloca a pé (65%), com carro por app (46%) e com ônibus (19%). As principais atividades realizadas dentro do próprio bairro são, respectivamente: compras, serviços, trabalho, saúde e visita a amigos e parentes.

Novas formas de consumo

Assim como as formas de deslocamento na cidade, o consumo nas regiões periféricas também mudou com a pandemia. Antes dela, já era comum que moradores realizassem compras em seus bairros, mas esse movimento ganhou ainda mais força. O comportamento pode ser influenciado pela preocupação com o sustento do comércio local, apontada por 94% dos respondentes.

Segundo os resultados da pesquisa, mais da metade dos entrevistados concentram suas compras em seus bairros: 55%. As compras online também ganharam mais espaço na rotina das pessoas e mostram um salto expressivo em todos os bairros. Em São Paulo, por exemplo, antes da pandemia, apenas 4% dos moradores costumavam fazer suas compras em lojas online. Durante a pandemia, esse número saltou para 24%.

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