Irã pode usar ataque cibernético contra EUA como “cortina de fumaça”, alerta especialista

Salvador, 10/01/2020 – A comunidade internacional segue apreensiva diante da escalada de tensão militar entre EUA e Irã, especialmente após o regime iraniano cumprir a promessa de revide contra a ação norte-americana que resultou na execução do general Qassim Suleimani. Na última quarta-feira (08), o país disparou mísseis balísticos contra duas bases militares dos EUA no Iraque.

Essa, porém, pode ser apenas a primeira fase de uma série de contra-ataques. O presidente do Irã, Hassan Rowhani, prometeu expulsar todas as forças norte-americanas da região do Oriente Médio.

Nesse contexto, alguns analistas avaliam a possibilidade de o conflito migrar para outro campo de batalha: a internet. Por meio de ciberataques coordenados, o Irã poderia desestabilizar os sistemas de conexão das Forças Armadas, além do próprio governo de corporações norte-americanas.

Segundo esses observadores, o Irã tem investido nessa área e recrutado voluntários em universidades desde que sofreu um ataque cibernético em 2007, quando os EUA, em suposta ação conjunta com Israel, disseminaram um malware (software malicioso) nas instalações nucleares iranianas. À época, a ação danificou equipamentos voltados para o processamento de urânio, atingindo em cheio o programa nuclear que pode levar à produção de armamento atômico.

De acordo com Bruno Prado, CEO da UPX, empresa de tecnologia focada em segurança cibernética, o regime dos aiatolás se armou o suficiente para escalar uma ciberguerra contra os EUA. “Os ciberataques podem ocorrer paralelamente ao recente revide de alvos militares. De 2007 até aqui, o Irã montou um exército de hackers e pode lançar mão de vários expedientes, como disseminar malwares e ransomwares (ataque de sequestro com pedido de resgate) e realizar ataques vários dos tipos phishing (captura de dados pessoais por meio de e-mails e links falsos) e pharming (roubo de dados bancários com uso de site clonado), além de expor publicamente dados sensíveis das Forças Armadas americanas”, afirma.

Segundo Prado, esses ataques ainda poderiam atingir redes utilizadas por bancos, governos regionais e empresas que administram a infraestrutura dos EUA, afetando uma ampla oferta de serviços e prejudicando a economia local como um todo. “Particularmente, não creio que o ataque mire alvos civis. É mais provável que o governo iraniano aposte em ações pontuais com foco militar”, pondera.

O especialista ainda lembra que os iranianos podem realizar um ataque do tipo DDoS (distributed denial-of-service, em inglês), ou ataque de negação de serviço distribuído, que leva a uma sobrecarga dos servidores e computadores, tornando indisponíveis seus serviços. Nesse caso, os aiatolás ganhariam tempo para agir no front militar: “Um ataque DDoS normalmente é feito como cortina de fumaça. Enquanto a parte atacada trabalha para restabelecer os serviços, o inimigo promove ações militares em paralelo “.

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