Pandemia pode levar setor de TI na América Latina a perder US$ 15 bilhões em 2020

•  México será o país com maior impacto negativo em 2020 e 2021

•  O investimento do setor público será o mais afetado pela pandemia e poderá levar 19 semanas para se recuperar.

•  As organizações precisarão se preparar para responder às demandas da nova economia pós-covid-19

Salvador, 30/04/2020 – A pandemia de covid-19 afetará o investimento em TI em todos os setores produtivos. Segundo a IDC, líder em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências com as indústrias de Tecnologia da Informação e Telecomunicações, na América Latina a redução no setor pode ser de mais de US$15 bilhões em 2020.

Alejandro Floreán, vice-presidente de consultoria e estratégia da IDC América Latina, explicou que a IDC está em constante processo de revisão das projeções, pois cada país sentirá e reagirá de uma forma dependendo da curva de contágio, da progressão da doença, das ações adotadas por seus governos e do período de recuperação.

“Alguns especialistas consideram que o período de transmissão e contágio ainda deve durar entre seis e oito semanas até estagnar e começar a diminuir. Uma possível recuperação só deve começar entre o final de maio e o início de junho”, disse Floreán. Segundo ele, isso causará uma redução de 4 pontos percentuais no PIB da região, e as economias mais afetadas serão Argentina, com estimativa de queda de 6,5%, México, com queda de 6%, e Brasil, com queda de 5,5% em seu PIB. Isso é resultado dos impactos sofridos pelos setores de manufatura, que foi afetado pela falta de importações asiáticas e pela interrupção na cadeia de suprimentos, e de transporte, no caso de companhias aéreas e turismo (hotéis e restaurantes), entre outros fatores.

Diante desse cenário, a previsão da IDC para o mercado de TIC na América Latina em 2020, que antes da covid-19 era de crescimento de mais de 7% em relação a 2019, agora é de baixa de 4% ou mais.

Segundo o vice-presidente de consultoria e estratégia da IDC, a projeção é que o mercado de TI – excluindo Comunicação – terá uma perda de cerca de US$15 bilhões em 2020, em comparação com o tamanho do mercado em 2019, mas com uma rápida recuperação para o próximo ano dependendo dos incentivos e ações adotados por cada um dos governos e estabelecidas as diferenças por país.

Até agora, a IDC prevê números positivos e crescimento para 2021, em comparação com este ano, embora abaixo das estimativas anteriores à pandemia, especialmente no México.

Novas oportunidades de mercado

No entanto, enfatizou Floreán, nem tudo será negativo. Segundo ele, há de se considerar as ações que a China está adotando para recuperar sua economia e para desenvolver novas áreas, que poderão refletir na América Latina.

•  O governo chinês decidiu aumentar seu nível de digitalização, que não é homogêneo em todos os seus departamentos, melhorando sua conectividade e automação.

•  Está analisando e realizando um processo de descentralização de seus polos, para reduzir riscos devido à alta concentração de sua indústria.

•  Está aumentando seus investimentos em TI para o setor de saúde, especialmente em big data, análise e telemedicina, para fortalecer seu sistema.

•  Está diversificando sua cadeia de suprimentos para reduzir problemas com a escassez ou falta de insumos em sua economia.

Outro ponto que pode ajudar os provedores de TI é saber os períodos de recuperação de cada setor, em uma nova normalidade econômica, após a covid-19.

Floreán acredita que o setor financeiro, por exemplo, levará cerca de 8,5 semanas para retornar aos mesmos níveis de investimento que tinha em 2019, enquanto o setor público deve levar 19 semanas, após o controle da pandemia, para reinvestir; isto é, pode ser até o final do primeiro trimestre de 2021.

Em curto e médio prazos, o vice-presidente da IDC mencionou que, depois da experiência de home office, a demanda por ferramentas de comunicação unificada e softwares de colaboração deverá crescer, seguida de soluções de virtualização, serviços em nuvem, conectividade, big data, análise e segurança.

Floreán também aponta que o setor de telecom terá um crescimento saudável este ano, devido ao papel que desempenha na conectividade necessária para empresas e pessoas viabilizarem negócios e manterem a economia em pé, e que as oportunidades de crescimento permanecerão no pós-covid-19.

A IDC ainda lembra que, após a crise, as empresas terão uma maneira diferente de planejar seus investimentos em TI, não apenas para a recuperação de suas operações, mas também para o desenvolvimento de novos negócios, em que comércio eletrônico, plataformas on-line e nuvem serão importantes para uma nova economia.

TIC no Brasil pós-covid-19

Especificamente no Brasil, Luciano Ramos, gerente de pesquisa e consultoria em Enterprise da IDC Brasil acredita que os impactos da covid-19 devem se estender até 2021. “A recuperação será relativamente rápida, mas os efeitos irão além de 2020, principalmente se a situação não se mostrar controlada nos próximos meses”.

Neste processo, a IDC Brasil lembra também que há lições a serem tiradas da crise, como a necessidade de acelerar a transformação digital, principalmente na área da saúde. “Todos os países afetados passaram por mudanças, desde o local de trabalho até o modo de consumir, e essas mudanças trarão resultados positivos no curto e médio prazos, com o aumento no uso de ferramentas de comunicação unificada, soluções de segurança, serviços de streaming, de nuvem e tecnologias como Internet das Coisas e Inteligência Artificial”, acredita o analista da IDC Brasil.

Por hora, as recomendações da IDC para os executivos de negócio são institucionalizar o planejamento de cenários, investir na transformação digital e buscar infraestruturas e plataformas modernas baseadas em nuvem que permitam trabalho remoto, gerenciamento, segurança e agilidade. Já para os provedores de TI, a recomendação é demonstrar como as soluções resolvem desafios tecnológicos que antes não faziam parte da preocupação dos executivos, e ajudar clientes a encontrar mais maneiras de reduzir custos, eliminando processos desnecessários ou redundantes.

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