Gartner prevê que receita mundial de semicondutores cairá 11% em 2023

Salvador, 08/05/2023 – O Gartner, líder mundial em pesquisa e aconselhamento para empresas, prevê que a receita global de semicondutores deve cair 11,2% em 2023, segundo sua mais recente pesquisa. Em 2022, esse setor gerou US$ 599,6 bilhões, cifra que representava um crescimento marginal de apenas 0,2% em relação a 2021. Para este ano, os analistas do Gartner estimam que as perspectivas pioraram e a receita mundial de semicondutores será de US$ 532 bilhões.

“À medida que os ventos econômicos contrários persistem, a fraca demanda de eletrônicos está se espalhando dos consumidores (mercado final) para as organizações, criando um ambiente de investimentos incertos. Além disso, um excesso de oferta de chips que está elevando os estoques e reduzindo os preços, acelerando assim o declínio do mercado de semicondutores para este ano”, diz Richard Gordon, Vice-Presidente de Pesquisas do Gartner.

A receita com memórias cairá 35,5% em 2023, mas se recuperará em 2024: A indústria de memórias está lidando com o excesso de capacidade e estoque, o que continuará a exercer pressão significativa sobre os preços médios de venda (ASPs) em 2023. Esse segmento deverá movimentar mundialmente US$ 92,3 bilhões, o que significa uma queda de 35,5% em relação ao ano passado. No entanto, deve se recuperar e conseguir ter aumento de 70% no próximo ano. O mercado de DRAM testemunhará um excesso de oferta significativo durante a maior parte do ano de 2023 devido à fraca demanda de equipamentos e aos altos níveis de estoque, apesar da produção plena de bits pelos fornecedores de memória DRAM. Os analistas do Gartner preveem que a receita de DRAM cairá 39,4% em 2023, movimentando US$ 47,6 bilhões. O Gartner estima que o mercado deverá ter escassez de oferta em 2024 e a receita de DRAM deve aumentar 86,8% com a recuperação dos preços.

Nos próximos seis meses, o Gartner espera que a dinâmica do mercado NAND seja semelhante à do mercado DRAM. A demanda fraca e os estoques dos fornecedores criarão excesso de oferta, resultando em fortes quedas de preços. Como resultado, a receita NAND deve cair 32,9%, movimentando US$ 38,9 bilhões em 2023. Em 2024, deve aumentar 60,7% devido a uma profunda escassez de oferta.

“A indústria de semicondutores vai enfrentar uma série de desafios de longo prazo na próxima década”, diz Gordon. “Os anos de alto volume e alto valor de mercado estão chegando ao fim, principalmente nos segmentos de PCs, tablets e smartphones, que estão com baixa inovação tecnológica”, prevê o analista. Além disso, a COVID-19 e as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China precipitaram a tendência de desglobalização e a ascensão do ‘tecnonacionalismo’. “Os semicondutores hoje são vistos como uma questão de segurança nacional”, diz Gordon. Por isso, segundo ele, “os governos de todo o mundo estão lutando para construir a autossuficiência na cadeia de suprimentos de semicondutores e de eletrônicos, aumentando o incentivo de iniciativas de onshoring em todo o mundo”.

Fragmentação da demanda de semicondutores: Os mercados de semicondutores para PCs, tablets e smartphones estão estagnados. Esses setores combinados representarão 31% da receita de semicondutores em 2023 e totalizarão US$ 167,6 bilhões de receita mundial. “Esses mercados de alto volume ficaram saturados e se tornaram modelos de reposição, desprovidos de inovação tecnológica”, diz Gordon.

Paralelamente, os mercados de semicondutores (tanto do setor automotivo quanto industrial e aeroespacial militar/civil) alcançarão crescimento. A estimativa do Gartner é de 13,8% de aumento, atingindo US$ 76,9 bilhões em 2023.

No futuro, teremos uma quantidade maior de mercados finais, que serão menores e fragmentados, com bolsões de crescimento provenientes de várias áreas como automotiva, industrial, Internet das Coisas (IoT) e militar/aeroespacial. “A demanda do mercado final estará menos exposta aos gastos discricionários dos consumidores e mais exposta aos gastos de capital das organizações”, diz o analista. Segundo o Gartner, as cadeias de suprimentos tendem a ser mais complexas, com muito mais intermediários envolvidos e canais variados capazes de atender diferentes requisitos e capacidades dos mercados finais de consumo.

Últimas notícias