Digitalização no Brasil: mais de 40% das lideranças acreditam que estão ficando para trás, mas a qualificação dos funcionários não é priorizada

Salvador, 10/11/2021 – Uma pesquisa realizada no Brasil pela Alteryx, empresa de automação analítica, detectou uma grande discrepância entre o ritmo acelerado da transformação digital no país e a disponibilidade das habilidades necessárias para efetivar essa mudança. Apesar da confiança dos trabalhadores na possibilidade de oferecer valor ao negócio por meio de suas habilidades de dados, a pesquisa mostra que o futuro da competitividade digital está em risco, com os treinamentos na área estagnados nos últimos meses.

Em um estudo com mais de 500 profissionais que trabalham com dados no Brasil, a Alteryx descobriu que quase metade (41%) das lideranças seniores acreditam que sua organização está “ficando para trás” em relação à concorrência. A pesquisa também revelou que 54% desses executivos estão “sobrecarregados” com o que eles “deveriam aprender” para refinar os dados e gerar a partir deles transformações para o negócio, colocando em cheque o progresso dos projetos de transformação.

Além disso, 53% desses líderes reconhecem que impulsionar essas iniciativas de requalificação dos colaboradores é sua responsabilidade, mas o treinamento de dados acaba paralisado devido a outras prioridades do dia a dia. Surpreendentes 39% dos profissionais de dados afirmaram que não conseguem aumentar suas habilidades por serem “sugados pelas tarefas do dia a dia” e dois em cada dez (17%) não sabem por onde começar.

Liderança e profissionais de dados: prioridades divergentes

Embora o volume e a complexidade dos dados continuem aumentando de forma exponencial ano a ano, quase metade dos C-levels, presidentes e líderes de unidades de negócios do Brasil (40%) – aqueles responsáveis por impulsionar as estratégias de aprimoramento e requalificação – veem pouca diferença entre as habilidades necessárias hoje e as que serão requeridas daqui a cinco anos. Apesar disso, 86% dos profissionais de dados veem um benefício claro em aumentar o valor que eles podem entregar por meio de dados, se declarando motivados a aprimorar suas habilidades, enquanto 14% afirmam que já começaram esta jornada de aprimoramento e 10% dizem que “já a completaram”.

Destacando ainda mais a desconexão entre a liderança e os profissionais da área de dados, 70% dos trabalhadores admitem ver uma forte correlação entre a qualificação e aumentos salariais, com 12% esperando um aumento de salário de pelo menos 76%, e metade que esperam um aumento salarial de pelo menos 21% com mais qualificação. Com essa alta expectativa de aumento de salário, não é surpresa que 66% dos profissionais de dados do Brasil estejam motivados para se aprimorar fora do treinamento conduzido pelas empresas em que atuam. Para as lideranças brasileiras, compreender e utilizar plenamente as habilidades digitais é essencial para o sucesso. Permitir que esses profissionais usem suas habilidades em benefício dos negócios aumentará significativamente a competitividade.

“A desconexão entre os negócios e as habilidades de dados tem o potencial de prejudicar seriamente a competitividade do Brasil em escala global”, afirma Marta Clark, vice-presidente de LATAM da Alteryx. “À medida que nosso ambiente de negócios se torna cada vez mais digital, a alfabetização em dados é a habilidade que dará retorno tanto no curto quanto no longo prazo – afastando as empresas de tarefas manuais demoradas e levando-as em direção à geração automatizada de insights para uma tomada de decisão mais ágil”, completa.

“Apenas organizações que capacitam sua força de trabalho para provocar mudanças nos negócios por meio de dados alcançarão o verdadeiro potencial de suas iniciativas de transformação digital, mas a lacuna entre o alto valor de negócios atribuído a tais habilidades e os recursos aplicados para aprimorar os profissionais nesta área irá travar a transformação. Com a educação formal ainda está a décadas de se adaptar à realidade do mercado, é responsabilidade das empresas incentivar os trabalhadores e recompensar o trabalho de dados de boa qualidade”, finaliza Marta.

Três principais desafios dos negócios que impedem a alfabetização em dados:

– Em primeiro lugar, embora os funcionários desejem realizar um trabalho de análise de dados com impacto nos negócios, existe uma desconexão entre o uso de habilidades digitais e a realidade dos negócios – onde os líderes exigem experiência digital, mas não permitem que os trabalhadores a utilizem.

– Em segundo lugar, uma mudança na estrutura organizacional de treinamento. Os profissionais estão reforçando instintivamente a visão de que aqueles que estão mais próximos de um problema estão em melhor posição para resolvê-lo, mas não são apoiados em sua jornada de aperfeiçoamento por aqueles em posição de liderança.

– Em terceiro lugar, a pesquisa destaca um desafio de longo prazo. Embora a demanda por habilidades digitais esteja disparando, 40% dos líderes responsáveis por conduzir esses programas de aprimoramento veem pouca necessidade de novas habilidades em dados nos próximos cinco anos.

Estratégias para impulsionar a requalificação:

1. Formalize uma estratégia de dados clara ao lado de programas de aprimoramento e requalificação que abordem as competências essenciais da alfabetização em dados exigidas em toda a jornada analítica: 32% dos profissionais de dados relatam que não receberam nenhum treinamento em dados de seu empregador. Há uma oportunidade clara de padronizar as habilidades por meio de projetos de treinamento interno para obter sucesso e capacitar os profissionais existentes.

2. Os líderes focados na transformação digital devem ter como alvo estratégias culturais, de qualificação e de tecnologia que ajudem a criar competência analítica para fomentar a inovação digital: Utilizar totalmente uma força de trabalho com conhecimento de dados é a chave para impulsionar a transformação digital. A qualificação liderada por empresas não acompanhou o ritmo de transformação acelerada visto durante a pandemia. Embora as empresas considerem que estão ficando para trás em relação aos seus pares, há uma inconsistência entre o valor atribuído às habilidades digitais, a responsabilidade por quem as entregará e a prevalência dessas habilidades no futuro.

3. Os líderes devem cultivar uma cultura de análise de dados de cima para baixo, permitindo que os funcionários ofereçam benefícios eficientes por meio de habilidades digitais: há uma forte demanda por habilidades digitais para atender plenamente aos novos desafios impostos por um local de trabalho cada vez mais digital. Capacitar colaboradores para desenvolver suas próprias habilidades é uma estratégia central – e pouco considerada – para impulsionar a competitividade.

“Os campos de análise de dados e transformação digital continuam a desafiar as empresas a quebrar o padrão e fornecer maneiras novas e em constante evolução de melhorar as habilidades e entregar ROI”, comenta Alan Jacobson, Diretor de Dados e Análise da Alteryx. “Uma característica central da transformação digital que muitas vezes é esquecido o fator humano, e o desenvolvimento das habilidades básicas necessárias para tornar esses projetos um sucesso”.

“Com os profissionais da área de dados entrando em empregos em todos e quaisquer níveis de habilidade em todo o continuum analítico, a liderança deve se comprometer a conduzir uma mudança cultural dentro de sua organização que se adapte aos funcionários. Somente assumindo compromissos de longo prazo para priorizar – e investimentos para incentivar – o trabalho de dados de boa qualidade, a força de trabalho será capacitada para fornecer resultados mais eficientes e garantir a competitividade a longo prazo”, completa Jacobson.

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