CEOs apostam na sustentabilidade para obter resiliência no longo prazo, aponta relatório do Pacto Global da ONU e Accenture

Entre os entrevistados, 66% afirmam que suas empresas estão engajadas em parcerias estratégicas de longo prazo para construir resiliência, evitando consequências para o meio ambiente, sociedade e o crescimento dos negócios

Salvador, 16/01/2023 – No cenário global extremamente desafiador, 93% dos CEOs enfrentam dez ou mais desafios simultâneos e 87% alertam que os atuais níveis de disrupção limitarão o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU. É o que revela o maior estudo com CEOs sobre sustentabilidade já conduzido pelo Pacto Global da ONU e a Accenture. Ainda que todos os CEOs se mostrem cada vez mais preocupados, 98% concordam que a sustentabilidade é parte essencial de suas funções, um aumento superior a 15% desde o início do estudo, há dez anos.

A 12ª edição do United Nations Global Compact-Accenture CEO Study usa dados de uma pesquisa realizada com mais de 2.600 CEOs de 128 países, 18 setores e mais de 130 entrevistas Trata-se da maior amostragem de executivos, incluindo o maior grupo de CEOs do Sul Global, desde o início do programa CEO Study em 2007. Os dados mostram que os CEOs estão preocupados com o impacto da convergência de obstáculos para os negócios e a sociedade, desde as oscilações no multilateralismo e a instabilidade socioeconômica até as interrupções na cadeia de suprimentos e os efeitos imediatos das mudanças climáticas.

“Em um mundo dividido por conflitos, crise energética, aumento da inflação e o fantasma da recessão, o estudo mostra que os executivos não acreditam que o mundo seja tão resistente a crises quanto esperávamos. As empresas seguem sofrendo vários golpes e, como resultado, a atuação delas em uma série de frentes, como a mudança climática e o aumento das desigualdades sociais e econômicas, não possui a ambição e o ritmo necessário para que seja alcançado os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030″, afirma Sanda Ojiambo, secretária-geral adjunta, CEO e diretora executiva do Pacto Global da ONU.

À medida que os desafios se acumulam, os CEOs apontam para as mudanças climáticas e conflitos sociopolíticos — questões que normalmente estariam fora da esfera corporativa — como motivos de preocupação adicionais à entrega de valor e impacto para todos os stakeholders. Com apenas oito anos para alcançar os ODS , 43% dos CEOs globais afirmam que seus esforços de sustentabilidade foram prejudicados pelo clima geopolítico. Entre os CEOs de países em desenvolvimento, esse número sobe para 51%. Ao analisar as metas net zero estabelecidas pelas maiores companhias do mundo, a Accenture também constatou que praticamente nenhuma conseguirá atingir as próprias metas, a menos que dobrem a taxa de redução de emissões de carbono até 2030.

No entanto, alguns executivos estão mudando o futuro do desenvolvimento sustentável por meio da inovação e da colaboração, causando grande impacto e apresentando cases de sucesso que proporcionam valor compartilhado aos stakeholders e vantagem competitiva em seus setores. Entre os entrevistados, 66% afirmam que suas empresas estão engajadas em parcerias estratégicas de longo prazo para construir resiliência. Esses líderes estão reconfigurando as cadeias de suprimentos subjacentes, requalificando as forças de trabalho, reavaliando o relacionamento com os recursos naturais e repensando os limites do planeta com a ajuda de avanços tecnológicos, incluindo soluções físicas, digitais e biológicas.

“O risco de não conseguirem cumprir os ODS é uma preocupação real. Ao mesmo tempo, temos uma oportunidade enorme para que as empresas repensem seus negócios e impulsionem a sustentabilidade como um dos principais fatores de mudança da próxima década”, explica Peter Lacy, líder global da prática de Sustainability Services e diretor de responsabilidade da Accenture. “A preocupação dos CEOs em relação à resiliência é clara, mas a resiliência de um líder pode ser a oportunidade de crescimento de outro. Com as novas ondas de investimento em tecnologia e inovações revolucionárias, os ODS podem ficar novamente dentro do nosso alcance. Mas isso só irá acontecer se os líderes recorrerem à sustentabilidade em busca de resiliência para a criação de novos mercados, produtos e serviços capazes de corrigir a trajetória atual e impulsionar o crescimento em tempos de disrupção”.

Os entrevistados também apontam para a necessidade do foco em tecnologia na busca por soluções para enfrentar os desafios globais e impulsionar o crescimento. Os principais CEOs já estão incorporando a sustentabilidade em seus negócios por meio do lançamento de novos produtos e serviços para a sustentabilidade (63%), aprimoramento da coleta de dados de sustentabilidade na cadeia de valor (55%) e investimento em fontes de energia renováveis (49%). Já 49% estão fazendo a transição para modelos de negócio circulares, enquanto 40% estão aumentando os investimentos em P&D para a inovação sustentável.

Durante as entrevistas, os CEOs identificaram iniciativas importantes para a construção da resiliência empresarial, desde o estabelecimento de metas climáticas baseadas na ciência e o investimento na diversidade da força de trabalho até o engajamento em parcerias entre setores para soluções tecnológicas, aumentando a visibilidade da cadeia de suprimentos e promovendo uma maior biodiversidade. Além disso, os CEOs seguem cobrando o envolvimento dos governos em mudanças de políticas que priorizem objetivos mensuráveis de longo prazo como a padronização dos relatórios ESG, um mercado global de carbono e incentivos para modelos de negócios sustentáveis.

“Apesar dos percalços, há esperança. Os CEOs entrevistados estão cada vez mais cientes de que é possível construir credibilidade e valor de marca em todas as operações alinhados aos Dez Princípios e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Não é apenas a coisa certa a se fazer, mas algo bom para os negócios”, conclui Ojiambo.

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