Novela “Travessia” introduz robô como personagem

Haroldo, o robô-ator, embarca tecnologias IoT (internet das coisas) desenvolvidas pelos próprios profissionais da Globo

Salvador, 02/12/2022 – Ele se posiciona bem no set, decora falas com precisão e velocidade, expressa emoções, mas está longe de ser um ator convencional: esse é o Haroldo, o inusitado robô-personagem que acaba de integrar o elenco da novela “Travessia”. Os movimentos – potentes ou suaves, rápidos ou mais lentos –, assim como a emissão de frases e de sinais emotivos são resultados de protocolos digitais de comunicação enviados remotamente que foram desenvolvidos na Globo.

Uma das tecnologias, em 2.4GHz, é responsável por controlar a locomoção. A outra, em 485MHz, encarrega-se da troca de dados na interação em cena, ou seja, frases sintetizadas e expressões faciais. Para o controle do robô, o time da Globo criou um aplicativo em Unit. Por ele, no set de gravação, o operador faz o disparo de voz e programa a troca de expressão, de acordo com o pedido da direção.

Como esclarece João Rizzo, gerente de Efeitos Especiais da Globo, para o desenvolvimento das tecnologias de radiofrequência, foram utilizados protocolos de comunicação industriais, e, para o controle dos motores, adotou-se o módulo de interpolação programável. “Desse modo, além das funções autônomas, é possível ajustar os parâmetros de forma mais fácil e confiável, obtendo a regulação necessária para o robô atuar em cena”, afirma. Já quanto à aparência do robô, os profissionais, primeiramente, alinharam o conceito artístico e, então, desenharam mais de 20 ideias. Após definida a forma física ideal junto à direção da novela, o time partiu para a prototipagem.

Haroldo acaba de ser integrado ao elenco da novela “Travessia”, que vem jogando luz a questões atuais envolvendo o uso de tecnologia. Simpático e gentil, ele é o novo funcionário do bar de Vila Isabel. A ideia foi de Nunes, personagem de Orã Figueiredo, proprietário do estabelecimento, com o intuito de tornar o negócio mais tecnológico. “O Haroldo não vai fazer uma revolução; ele é a revolução”, disparou no episódio da última terça, 28 de novembro. O robô cheio de charme promete conquistar a clientela, colocando em xeque a preferência por Joel, interpretado por Nando Cunha, o colega de trabalho humano.

Segundo Rizzo, a entrada de um robô como personagem na novela das nove deve acender o debate sobre a inserção de tecnologias no nosso dia a dia. “Os espectadores serão convidados a refletir sobre como as tecnologias estão incorporadas na nossa rotina e como elas podem nos ajudar a viver melhor. Além disso, a trama provocará a discussão sobre como profissões essencialmente humanas, como a de garçom, podem estabelecer diferentes relações com as novas tecnologias, um robô, por exemplo”, afirma.

O projeto, liderado pelo time de Efeitos Especiais da Globo, conta com a participação de cerca de 25 profissionais, de diferentes perfis, sem contar o pessoal do artístico (produção, direção e até a autora, Gloria Perez). Entre a conceituação e a entrega final, foram seis meses de trabalho, de abril a outubro deste ano.

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