Internet do comportamento, empoderamento, IoB, futurologia e direito digital pautam discussões no encerramento do Congresso Sucesu 2021

Wendy Katayose, diretora de Comunicação da SUCESU BA

Salvador, 16/07/2021 – Com um diversificado escopo de discussões sobre os impactos dos avanços tecnológicos no comportamento humano, e de como a ciência comportamental pode influir nesse complexo processo de evolução da sociedade, o 12º Congresso Sucesu BA chegou ao segundo e último dia de apresentações nesta quinta-feira, 15. Na abertura dos trabalhos para concluir a Trilha 1 do Fórum, o mestre em Gestão Empresarial e Marketing, Jaime Gama, diretor executivo do Gartner Group, líder mundial em pesquisa e consultoria, abordou o tema: Internet of Behaviour (IoB) e seus impactos na sociedade de negócios.

“O IoB consiste em várias abordagens para capturar, analisar, reunir, combinar, processar dados de diferentes fontes e responder a todos os tipos de representações digitais que possam afetar ou influenciar o comportamento. Para o bem e para o mal. Nós como usuários entramos nesse circuito de mapeamento e geramos um feedback. Dados comerciais, dados dos cidadãos processados pelo setor público, mídias sociais, reconhecimento facial, rastreamento de localização. Tudo pode ser analisado e convertido. Até em cybercrimes”, explica Gama.

Até 2025, a International Data Corporation (IDC) estima que haverá 41,6 bilhões de dispositivos conectados, gerando 79,4 zettabytes de dados. Investimento em estrutura, software e estratégias de segurança são fatores necessários para dar suporte a tal crescimento no tráfego de dados.

No contexto dessa conexão exponencial, na qual os smartphones ocupam cada vez mais espaço na vida dos indivíduos, surge o termo Nomophobia, abreviação do inglês ‘no-mobile-phobia’, ou seja, o medo das pessoas ficarem desconectadas, podendo levar ao desenvolvimento de uma espécie de dependência digital. “Vivemos em um mundo hiperconectado, com tecnologias viciantes que vão nos atraindo cada vez mais, numa combinação de redes sociais e smartphones, sensores para mapear nossas preferências, e isso é um convite ao IoB, ou Internet do Comportamento, processo ativado pela gratificação quase instantânea do nosso desejo de busca”, enumera o especialista.

Essa demanda por uso dos dados coletados no IoB tem implicações éticas e sociais, com a segurança dos dados, mas converge para tendências como: decisões de inteligência, computação avançada, autonomous things, wearable tech (tecnologia vestível), aplicações em saúde e bem-estar. “Do mesmo jeito que esse avanço gera ganhos para a sociedade, traz também questões preocupantes, como a privacidade. Mas o grande benefício que vejo é melhorar a vida do cidadão, proporcionando mais equidade, redução da pobreza, alinhando IoT com IoB no HealthCare, caminhando para a Ciência do Comportamento (Behavioral Science) e o avanço da sociedade”, conclui Gama.

Empoderamento feminino, desigualdades, sociedade sustentável e tecnologia

A empreendedora social, fundadora e CEO da Women in Tech e da agência Social Brain, Ayumi Moore Aoki apresentou dados relacionados à busca por equidade de gênero e mudanças sustentáveis por meio da tecnologia, abordando o tema: A Tecnologia como meio de empoderamento feminino para uma sociedade mais sustentável. De acordo com Ayumi, a tecnologia é o futuro do trabalho, entretanto, as mulheres ainda estão subrepresentadas no setor tecnológico.

“A tecnologia é a indústria que mais cresce no mundo e realmente se tornou a força por trás de todas as indústrias, temos campos como: código, UX Design, blockchain, data science, analytics, que impulsionam a inovação, a criatividade, o crescimento em espaços como educação, agricultura, finanças. Sabemos que os computadores aprendem por meio de dados, mas, se esses dados forem inseridos com erros, sem parâmetros de diversidade, só irá perpetuar desigualdades. Neste momento, as mulheres correm o risco de serem deixadas para trás. Precisamos inserir as mulheres nesse ecossistema para que elas tenham um papel integral. E a educação é essencial para o crescimento e o empoderamento”, analisa Moore.

Para Ayumi, as soluções em Inteligência Artificial, data Science, developement, treinamento e retenção de talentos precisam ser utilizados com parâmetros de diversidade, de gênero, etnia, cor, para que os processos decisórios sejam mais humanizados.

Apenas 20% dos profissionais de TI são do sexo feminino, apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Das mulheres que ingressam em cursos superiores de tecnologia, 79% desistem no primeiro ano de estudos, devido a barreiras, desde as culturais, até a falta de estímulo.

Healthcare, experiência digital estratégica e jornada do cliente

No Painel – Paciente como Consumidor e Experiência Digital, o diretor da Unidade de Saúde Populacional do Hospital Sírio-Libanês (SP), Daniel Greca, elencou argumentos sobre a aplicação de processos tecnológicos à área de saúde. “Em algum momento da vida todos nós somos pacientes e a saúde não é uma mercadoria. Por meio da experiência assistencial identificamos que quando o paciente necessita de um tratamento oncológico, por exemplo, ele não tem autonomia na tomada de decisão, pois faltam informações de qualidade”, explicou.

Segundo Greca, a demanda por atendimentos cada vez mais personalizados tem impulsionado a indústria da saúde a acelerar o processo de transformação digital. “Com o volume de informações disponíveis, o paciente, sem filtrar os dados, sente-se empoderado e até questiona o médico com um suposto diagnóstico feito pelo dr. Google. O setor de saúde tem buscado atender a expectativa do consumidor por meio da tecnologia, como ferramenta, para alcançar as diferentes gerações de clientes e transformar a jornada desse paciente, digital ou não”, reiterou Greca, que atua como Business Unit Director Population Health Management, função responsável pela relação com o mercado, expansão e produtos da unidade de saúde.

Painel: Internet of Bodies – O Corpo Humano como Plataforma Tecnológica

“Qual o valor agregado dos dados coletados da nossa interação com a tecnologia (Big Data)? É com esse questionamento inquietante que a professora do Programa Tecnologias da Inteligência e Design Digital da Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia da PUC-SP, Dora Kaufman abre um dos painéis mais esperados do Congresso Sucesu 2021Internet of Bodies – O Corpo Humano como Plataforma Tecnológica.

“Grande parte dessas tecnologias que hoje estão captando dados do corpo humano são processadas por Inteligência Artificial (AI). Vivemos uma vida digital, e isso significa que estamos gerando dados, em todas as nossas atividades de interação no meio digital. E esses dados são informações preciosas sobre praticamente tudo que está acontecendo com a sociedade. E isso não é novo, sempre tomamos decisões com base em informações, quanto mais importante é a decisão, buscamos um conjunto maior de informações.  Com o crescimento exponencial de dados nós temos a possibilidade de tomar decisões com uma maior assertividade. Aí entram as técnicas de AI, para o processamento e extração de informações desse volume de dados. Essa tecnologia é hoje ‘apenas’ um modelo estatístico de probabilidade. Nada do que mostram os filmes de ficção científica”, ressaltou a professora-doutora.

Uma das técnicas de AI mais utilizadas são as Redes Neurais Profundas, do inglês Deep Learning, criadas como uma representação do funcionamento do cérebro e trabalha com a capacidade preditiva de simulação de cenários. Hoje, a resolução de múltiplas tarefas são baseadas no conceito de Data Driving, ou seja, o uso de dados na tomada de decisões e planejamento estratégico.

Dentro desse universo, a Internet of Bodies (IoB), se define como uma extensão da Internet of Things (IoT), desenvolvendo o controle sobre funções vitais do corpo, convertendo-o em plataforma tecnológica.

“Vários dispositivos baseados em IoB já estão em uso atualmente, na parte de fitness, com a finalidade de tornar mais eficientes os exercícios físicos, microchips de identificação, adesivos eletrônicos, pílulas inteligentes (smart pills), implante cerebral para tratar Parkinson. Com esses avanços, a sociedade precisa provocar o debate sobre os riscos de exposição desses dados sensíveis”, alerta Kaufman, que é coautora do livro “Empresas e Consumidores em Rede: um Estudo das Práticas Colaborativas no Brasil” e autora dos livros “O Despertar de Gulliver: os desafios das empresas nas redes digitais”, e “A inteligência artificial irá suplantar a inteligência humana?”.

Futurology? Realy?

Educadora, escritora e pesquisadora reconhecida como uma das top mulheres futuristas do mundo, a professora da Universidade de Houston (EUA), Alexandra Whittington abrilhantou essa edição do Fórum com o tema: Invitation to Futurology. A palestrante internacional inicia sua fala com um questionamento instigante:

“Futurologia? Será? É isso mesmo, o estudo do futuro. Um campo de pesquisa que cresce ao longo dos anos e busca estudar o futuro de forma sistemática, como uma ferramenta estratégica na análise de tendências, para a tomada de decisões de governos, clientes e organizações. Uma agenda futurista assegura que uma empresa está pensando além do ano que vem, buscando um planejamento para décadas, com o propósito de analisar diversos cenários e caminhos para otimizar os recursos (humanos, naturais, tecnológicos, financeiros), nos anos vindouros”, pontuou Whittington, que é coautora/coeditora das publicações: A very human future (2018), em português: Um futuro muito humano e Aftershocks e Opportunities: Cenários para um futuro pós-pandemia (2020).

No Painel de Encerramento do Congresso Sucesu, a advogada Patrícia Peck, especialista em Direito Digital, Propriedade Intelectual, Proteção de Dados e Cibersegurança abordou aspectos do Direito Digital, Ética, crime organizado digital, proteção cibernética, LGPD. “Não adianta tecnologia por tecnologia. Precisamos estar amparados por direitos humanos. Se o Direito Digital é o upgrade do Direito, ele só funciona com inovação jurídica e apropriação das ferramentas tecnológicas, para trazer soluções a essa sociedade ultraconectada”, resumiu Peck.

Serviços

O Portal TI Bahia é o parceiro de mídia oficial do Congresso SUCESU 2021. Acompanhe a transmissão ao vivo do evento pelo story do @tibahiaportal

Empresas patrocinadoras do evento: Fortinet, TeleData, Xsite, McAfee, Lanlink, Tecnoativa, Cisco, Synnex, Oi Soluções, Compushop, Dell Technologies, Zoom, Huawei, CHIP e Red Hat.

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