Tecnologia como ferramenta para o combate de distúrbios do sono

Por Lucas Baraças, cofundador e CEO da Vigilantes do Sono

Salvador, 10/05/2022 – Conforme a evolução da tecnologia foi crescendo gradualmente ao passar dos anos, vimos uma verdadeira transformação e o nascimento de uma nova era. Hoje, o meio digital já é um caminho sem volta que tende a continuar crescendo e criando novas possibilidades para o mercado e para as pessoas que dele usufruem.

A tecnologia possibilitou a solução de várias dores do mercado. Mais que isso, trouxe comodidade para o público final e fez aumentar a demanda para questões antes mal exploradas e que apresentavam poucas ou, até mesmo, uma única solução. Isto é, fez com que muitos setores se adaptassem para apresentar aos consumidores um meio de sanar seus incômodos.

A área da saúde foi, certamente, uma das mais atingidas com esse boom digital. A prática de telemedicina é um grande exemplo de como a saúde também se digitalizou. No entanto, engana-se quem acredita que essa foi a única contribuição da tecnologia na área da saúde. Isso porque alguns nichos específicos também foram beneficiados, como é o caso do sono.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC), a pedido da Pfizer Brasil, em setembro de 2021, apontou que a tristeza foi relatada por 42% dos pesquisados, seguida pela insônia e irritação, com 38%. Além disso, 36% dos entrevistados relataram sofrer de angústia ou medo, ao passo que 21% sofrem com crises de choro. Metade do público entrevistado classificou a própria saúde mental como ruim ou muito ruim. Ao avaliarmos os números acima, percebemos que há uma dor a ser sanada e que, até pouco tempo, não era percebida pelo mercado.

As sleeptechs são como um braço das healthtechs. Conforme a tecnologia foi evoluindo, os aplicativos de sono também acompanharam esse crescimento. Lá atrás, os apps de sono eram mais conhecidos como o que chamamos de 3Ms — meditação, monitoramento do sono e músicas para dormir. Hoje, no entanto, existe uma onda de apps mais complexos, que utilizam Inteligência Artificial (IA) e acompanham o paciente durante toda uma jornada, podendo até ser parte do tratamento médico.

Afinal, nenhuma tecnologia irá substituir o trabalho humano que só o profissional de saúde é capaz de realizar. No entanto, as ferramentas podem auxiliar e gerar cuidado ainda maior para o paciente. Quando falamos de insônia, existe um conceito de que os remédios são o melhor caminho para o combate do transtorno. Contudo, de acordo com os principais consensos do mundo, a TCC-I (Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia) é o tratamento mais eficaz, atingindo resultados mais expressivos que remédios para dormir.

A TCC-I funciona tendo como base dois fundamentos: a restrição do sono e o controle de estímulos. A restrição do sono significa ajustar o tempo e os horários que se fica na cama. Um dos comportamentos mais frequentes entre pessoas que sofrem de insônia é ficar na cama tentando dormir, sendo que o correto é igualar o tempo de cama e de sono. Esse processo, entretanto, não é simples e requer adaptações na vida e, muitas vezes, treino de auto percepção.

Na TCC-I existem métodos que facilitam esse processo. São os treinos de relaxamento, como a meditação, que ajudam a desenvolver habilidades de controle da respiração e do estado mental. Também as chamadas técnicas cognitivas, que ajudam a promover mudanças em pensamentos sobre o sono e, principalmente, em relação à percepção das consequências da falta de sono no funcionamento diurno.

A insônia é uma resposta comum ao estresse e ocorre quando ficamos em estado de alerta. A perda de sono também está bastante relacionada a certos hábitos, como exposição excessiva à luz ou irregularidade nos horários de dormir. A insônia crônica, no entanto, deve ser encarada com mais atenção, pois exige um acompanhamento clínico.

Atualmente, boa parte do atendimento médico é realizado com o apoio da tecnologia, seja por meio de telemedicina, receitas digitais, entre outras facilidades. A insônia, por sua vez, até pouco tempo carecia de soluções tecnológicas, deixando o tratamento medicamentoso como única opção para pacientes que sofrem com a condição. É neste contexto em que as sleeptechs têm atuado, não apenas fortalecendo o uso da tecnologia no combate de distúrbios do sono, como também se tornando grande aliada do trabalho médico tradicional.

Últimas notícias