A importância de nunca parar de aprender e 5 lições que trouxe de Harvard sobre Pessoas

Por Fabricio Bloisi, CEO do Grupo Movile, ecossistema brasileiro de empresas de tecnologia, e do iFood, foodtech líder na América Latina.

Salvador, 16/03/2020 – Mais do que nunca, estou convicto de que precisamos cultivar o estudo como estilo de vida se queremos estar preparados para assumir os desafios de companhias de alta performance. No último mês, estive no curso OPM (Owner/President Management), em Harvard, onde, por três semanas, repassamos vários conceitos de administração.

A acredito fortemente que pessoas são a base de qualquer empresa de sucesso. Pensando nisso, compartilho aqui 5 lições valiosas trazidas de Harvard que me fizeram refletir quando o assunto é gestão de pessoas.

A qualidade das decisões ligadas a pessoas é a melhor forma de prever sucesso

Ainda assim, utilizamos ferramentas ruins. Não formalizamos avaliações, negligenciamos o uso de dados, não criamos processos para garantir que estamos acertando. Alocamos menos tempo gerenciando pessoas e com ferramentas piores do que selecionamos para qualquer outra área da empresa – mas esta é a área de maior impacto!

O desempenho depende, primordialmente, de cultura e liderança (mais do que da economia e indústria). E isto temos capacidade de ajustar.

Controlamos uma parte maior da performance do que imaginamos. Uma pesquisa de Harvard com 500 empresas mostrou que 50% do desempenho dos profissionais é ditado por cultura, liderança e aspectos internos da organização. A indústria corresponde a 15% do resultado da empresa e a economia a apenas 5% (no longo prazo).

Empresas com cultura forte precisam de menos burocracia e conseguem se adaptar melhor

A cultura guia as organizações na falta de políticas e regras. Quando a cultura é forte, o time entende e responde a isso — há menor necessidade de procedimentos e o comportamento é consistente. Do contrário, há baixo alinhamento de valores e o comportamento é volúvel, gerando necessidade de sistemas de controle e burocracias para mantê-lo dentro do desejado.

Momentos diferentes exigem líderes diferentes – e como respondemos a isso?

O momento que a empresa vive é uma grande bússola para o tipo de liderança que deve assumir protagonismo. Os líderes flexíveis são fundamentais para a inovação. O ambiente de inovação deve abrir espaço para a disrupção, e precisamos de um líder que dê liberdade para que isso aconteça. Tolerante a erros, mas intolerante à incompetência, aberto à experimentação mas atento para cortar tudo que não está funcionando rapidamente e fornecer feedbacks diretos.

Líderes focados são essenciais para condições onde se exige eficiência e máxima performance. Muitas startups não morrem por falta de recursos, mas afogadas no excesso de oportunidades que elas tentam atacar ao mesmo tempo. E isso reflete também no trabalho diário. Por fim, em muitos casos, buscamos líderes ambidestros, que conseguem cultivar ambos os lados. Isso nem sempre é possível – apenas aproximadamente 10% das pessoas tem esta característica. Organizações ambidestras combinam ambos os tipos – líderes que conseguem ser disciplinados, cortar custos e serem eficientes com líderes criativos que pensam fora da caixa.

Contar histórias (storytelling) facilita enormemente a comunicação.

Humanos entendem histórias melhor do que dados, diagramas ou informações não relacionadas. É fundamental ao líder colocar sentido na história da empresa, seus objetivos e estratégia — e contá-las ao seu time. Isso facilita o entendimento e, consequentemente, aumenta o engajamento. Histórias bem construídas conseguem extrair os fatos que são verdadeiramente importantes de serem comunicados para que as pessoas compreendam seu papel no sucesso da companhia.

Finalmente, se eu pudesse deixar uma última nota é de que as pessoas precisam estar em constante evolução. Não conseguiremos superar os desafios que estão por vir — consequência do crescimento e sucesso da empresa — com o mesmo conhecimento que nos trouxe até aqui. É papel comum a todos cuidar do próprio desenvolvimento, mas fica aqui a provocação para as lideranças: garantir os meios para que isso seja possível e instigar evolução no time é nossa responsabilidade.

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