Pesquisa mostra empregos em alta para TI e desigualdade de gênero nos salários

Salvador, 07/12/2019 – Em momento de crise, as empresas de Tecnologia da Informação seguem como uma espécie de oásis no campo do trabalho. Apresentam estabilidade nos salários, com aumentos significativos naqueles mais elevados e das maiores empresas e têm postos disponíveis a ponto de, nos números das demissões, 60% ocorrerem a pedido dos demitidos. Além disso, há a oferta de benefícios como assistência médica por 95% das empresas e odontológica por 68%, mas as diferenças de remuneração por gênero permanecem. São resultados da 15ª Pesquisa de RH para RH 2018/2019 realizada pelo TI Rio (Sindicato das Empresas de Informática do Rio de Janeiro) tendo como fonte empresas de sua base no estado, com o objetivo de aperfeiçoar as políticas e gestão de RH e permitir bases mais sólidas para negociação de salários e benefícios com os empregados do setor. Segundo Luiz Carlos Sá Carvalho, diretor da entidade, o trabalho permite um olhar sobre o futuro a partir das informações obtidas.

Salários e gêneroA ocupação dos postos de trabalho entre os gêneros apresenta 78% dos postos de profissionais de nível superior ocupados por homens e 62% por mulheres. Já com pós-graduação, as mulheres são 5% e os homens 3%. Os salários entre homens e mulheres são desequilibrados. Enquanto a média entre os pós-graduados homens fica em R$8.016,00, o das mulheres é de R$4.205,00. No nível superior os homens chegam a R$6.063,00, contra R$3.055,00 das mulheres. No geral entre as funções relacionadas na pesquisa, a menor faixa salarial em 2019 é a de analista de desenvolvimento, com R$2.301,00.

Outra evidência é que as correções salariais em 84% das empresas foram feitas seguindo a convenção coletiva negociada entre o TI-Rio e o sindicato dos trabalhadores. Um dado que revela a importância do papel de negociação da entidade, segundo Luiz Carlos. “A convenção é fundamental para as empresas terem parâmetros de mercado. E, importante ressaltar, beneficia a todas que atuam no setor.

Jornadas flexíveis As empresas de TI têm acompanhado a evolução do mercado e permitido em 47% dos casos o cumprimento da jornada de trabalho de forma flexível e informal, com 53% que mantém horários fixos. Também 47% delas permitem o trabalho em casa de forma eventual. As regras definidas para os bancos de horas negociados entre o TI Rio e o sindicato laboral por acordo coletivo são utilizadas em 26% dos casos. No que se refere aos planos de cargos e salários, 58% das empresas têm algum estruturado.

Outra característica é que 42% das empresas autorizam o acesso sem restrições dos empregados às redes sociais pessoais, e-mail, jogos, sites etc. durante o período de trabalho. Outras 53% impõem algum limite e apenas 5% vetam os acessos. A maioria das empresas, 68%, permitem e estimulam projetos criativos extratrabalho, 10% destas como política de RH.

Carências na formaçãoMesmo estando num espaço hoje considerado nobre do mercado de trabalho, os setores de RH das empresas de TI percebem carências na formação dos recém contratados. Em 84% delas, para solucionar o problema, são oferecidos treinamentos com ferramentas, métodos e técnicas específicos; em 42% treinamentos comportamentais; em 37% em certificações; em 26% treinamentos gerenciais e em 21% treinamentos administrativos, mesmo percentual para os complementares, como inglês ou redação, por exemplo.

Com relação às novas formas de contratação permitidas pela legislação mais recente, apenas 5% utilizam os contratos intermitentes, 63% não recorreram às novas regras. Já o teletrabalho é utilizado por 21% das empresas e os autônomos têm espaço em 11% delas.

Rotatividade e contratações – Luiz Carlos diz que é desafiador para as organizações encontrarem profissionais de TI qualificados no mercado: “Constatamos que muitas empresas estão optando por ter um relacionamento mais estreitos com as universidades. Essa é a porta de entrada de profissionais juniores. Grande parte das empresas com até 50 funcionários estão focando na contratação de estagiários e, muitos deles, com bom desempenho, são contratados pela CLT antes mesmo de terminarem o período de estágio.”

A dificuldade que surge, lembra Luiz Carlos, é que as equipes acabam compostas por profissionais juniores e enfrentam os desafios que são, além de atrair, desenvolver e reter. A rotatividade alcança 31%. A solução em muitos casos, diz, tem sido investir no clima organizacional: “As empresas mantêm os salários médios de mercado e criam integração entre as equipes.”

Atentas, 58% das empresas têm feitos com alguma regularidade ações internas no recrutamento e oportunidades na carreira que contemplam tratamentos igualitários em questões raciais, de gênero, idade, orientação sexual etc. Os cuidados com o meio ambiente e contra o desperdício estão presentes em ações de 53% delas, enquanto 32% apoiam atividades educativas e culturais. Os empregos para pessoas com deficiências são oferecidos por 21% das empresas.

Tecnologias disruptivas – Luiz Carlos considera urgente que as empresas adotem medidas para se atualizarem frente às novas tecnologias disruptivas, tais como a inteligência artificial, que possam afetar os Recursos Humanos. O alerta do dirigente do TI Rio ocorreu pois 89% das empresas entrevistadas disseram não ter estudos ou planejamentos voltados para enfrentar essas atividades. Apenas 11% delas disseram estar atentas ao tema e estão oferecendo treinamentos aos colaboradores.

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