Fintech baiana de antecipação de recebíveis recebe aporte de 4,5 milhões
Salvador, 29/11/2019 – Com os spreads elevados, as fintechs, chamadas de instituições financeiras que têm licença para operar digitalmente, começam a ganhar território no mercado e a atenção dos investidores. Estima-se que existam aproximadamente R$ 4 trilhões em notas a serem descontadas no mercado, sendo 600 startups de serviços financeiros, de acordo com o Radar Fintechlab.
A Antecipa, plataforma de antecipação de recebíveis, anuncia aporte de R$ 4,5 milhões investido pelo fundo da Redpoint eventures, e projeta um crescimento de 25% ao mês. Em seis meses, a ideia é atender 10 mil empresas e, em dois anos, mais de 100 mil clientes. A empresa, que nasceu em Salvador, na Bahia, já antecipou mais de R$ 100 milhões e movimenta 25 mil negócios cadastrados na plataforma.
Fundada em 2015 por Camilo Telles, especialista em ciências da computação, desenvolveu um algoritmo de precificação que gerou aprovação de 98% dos pedidos feitos pelos clientes. “Focamos em um nicho de mercado que facilita a análise de risco de crédito, ou seja, grandes empresas antecipando crédito para seus próprios fornecedores. Isso garante um ciclo saudável para ambos os lados”, afirma Telles que, antes de abrir o negócio, tinha uma empresa grande de ingressos online e viabilizou grandes eventos no País, como o Octuberfest e Rock In Rio.
Atende mais de 700 clientes entre eles, grandes players do mercado como a locadora Movida e a GOL. Nos últimos três meses, a fintech cresceu 20% ao mês. “Queremos operar para integrar a plataforma ao departamento de “Contas a Pagar” das corporações. Com esse investimento queremos desenvolver ainda mais nossa tecnologia, tornando-a robusta o bastante para atender mais empresas”, diz Telles.
Capital para o caixa do sacado
Telles desenvolveu a ferramenta como uma solução para o caixa das empresas, após perceber que se perdia muito dinheiro nas negociações, ou apenas um lado levava vantagem nesse tipo de transação. “Com o uso de algoritmos matemáticos, conseguimos desenvolver uma mecânica em que as taxas de desconto variem na ordem de 1,4% a 3,5%, uma média de 2,9% ao mês, descentralizando o sistema bancário e rentabilizando o fluxo de caixa.”, pontua.
O spread bancário brasileiro é o maior do mundo, superando países como Paraguai, Peru, Argentina, Austrália, África do Sul, México e Japão, e a taxa Selic já tem sua queda histórica. Uma das principais queixas enfrentadas por quem dirige empresas de pequeno e médio porte, as chamadas PMEs, é encontrar uma boa fonte financeira para ter capital de giro a taxas mais acessíveis. Antecipar recebimentos tem sido uma aposta e uma maneira de melhorar o fluxo de caixa.
Na outra ponta, quem tem capital disponível para investir precisa driblar o desafio de encontrar alternativas rentáveis para superar os ganhos dos investimentos em fundos e na poupança. Com a taxa Selic prevista para encerrar o ano na ordem de para 5,00%, as empresas estão tendo que reinvestir e repensar seus investimentos, ao passo que surgem novas fintechs.
“É uma solução integrada ao ERP – Enterprise Resource Planning, que permite às grandes empresas, com caixa líquido, fazerem o uso inteligente do capital por meio da antecipação de pagamentos dos próprios fornecedores. Desta forma, é uma alternativa às aplicações de curto prazo para o comprador e uma linha de crédito de baixo custo para o fornecedor”, finaliza o executivo.
