Turn over em tecnologia: Como encontrar, atrair e reter talentos?

Por Paulo Exel, diretor de operação da Yoctoo

Contratar para o mercado de tecnologia é um desafio constante para os gestores de RH. Isso porque, quando sentados frente a frente, recrutador e candidato precisam “falar a mesma língua”. Na hora de encontrar e contratar, o recrutador precisa respirar tecnologia, conhecer muito bem sobre o momento e objetivos da empresa, mercado onde está inserida, além de entender as habilidades técnicas e comportamentais necessárias para cada atividade. Já na retenção, um dos fatores que prejudica a permanência desses profissionais é a alta demanda por mão de obra qualificada.

O número de vagas em TI continua crescendo mesmo com a crise econômica no Brasil. Um estudo feito em 2015, apontou que as ofertas de trabalho na cidade de São Paulo cresceram cerca de três vezes mais do que todas as outras profissões na capital. Dados de outro levantamento, feito pela Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), mostram que em 2016, existiam 50 mil vagas de TI abertas no nosso país.

O problema é que a formação dos profissionais e a abertura de novos postos de trabalho não crescem no mesmo ritmo. O Brasil forma muitos profissionais todos os anos, mas a grande maioria deixa os bancos da universidade com um nível de qualidade ainda muito aquém do desejado pelo mercado corporativo. Nessa dinâmica, a maioria das vagas ficam sem serem preenchidas, e o maior desafio das empresas é manter nos cargos os bons trabalhadores.

Se a quantidade de mão de obra qualificada não ajuda a preencher as vagas que estão em aberto, encontrar esses profissionais passa a ser um desafio ainda maior para o recrutador. É preciso, além do conhecimento técnico, um vasto networking com o mercado e um excelente relacionamento com os profissionais que estão empregados. Na grande maioria das vezes, as cadeiras são preenchidas por pessoas que já estão trabalhando na área.

Se a tarefa é atrair o profissional que já está empregado, a proposta da empresa precisa ser trabalhada de maneira muito assertiva e, na maioria dos casos, o plano tático é mais importante do que a execução do processo seletivo. Planejar a estratégia de recrutamento significa levar em consideração os valores corporativos, os objetivos da empresa como corporação, o propósito e outros fatores como habilidades que estão faltando dentro da equipe. É preciso considerar ainda o conhecimento técnico para o cargo e se o comportamento está alinhado com a cultura e ambiente da empresa. Não adianta encontrar o profissional mais experiente e com maior grau de conhecimento técnico, é preciso ir além e preencher todos os requisitos acima.

Fazer o profissional se encantar pelo projeto, abraçar o propósito da empresa, ou mesmo se relacionar com a marca como uma Love Brand pode ser um diferencial na hora de atrair. No entanto, apesar das motivações estarem mudando em um ritmo cada vez mais acelerado, salário e benefícios ainda são os fatores mais considerados para atrair esses profissionais no mercado brasileiro. A abordagem é outro fator de diferenciação do setor de tecnologia quando comparamos com o restante do mercado. De modo geral, é muito difícil encontrar o profissional certo somente com a publicação de uma vaga e esperar que o candidato ideal se aplique. A realidade atual é de que esse tipo de profissional já esteja trabalhando e engajado em outros projetos, o que faz com que ele, naquele momento, não se inscreva em processos seletivos.

Uma vez que esse profissional é encontrado e atraído para dentro da empresa é preciso que está também se empenhe para preencher uma série de requisitos para mantê-lo motivado, caso contrário a crescente demanda por profissionais qualificados irá rapidamente seduzi-lo para outra companhia. Em linhas gerais, os profissionais levam em consideração o quanto estão expostos a um ambiente de inovação e em contato com novas tecnologias. São profissionais que vivem esse universo e precisam se alimentar dele com frequência para continuarem ativos e motivados.

Horários engessados, regras muito rígidas de trabalho, politicas empresariais muito burocráticas são fatores que afastam o interesse do profissional em se manter na empresa. Quando o assunto é flexibilidade, medir o trabalho pelo resultado e pela qualidade do que é entregue é muito mais cativante do que a quantidade de horas trabalhadas. Uma gestão voltada para pessoas e uma cultura empresarial maleável são outros fatores importantes para esses talentos.

Os profissionais de TI também levam muito em consideração a proximidade que terão com uma liderança inspiradora. Serem conduzidos, motivados e inspirados por pessoas que admiram é um diferencial e tanto para cativar um bom funcionário nesse setor. Eles avaliam se estão evoluindo na carreira ou não, o quanto a empresa está disposta a apostar e investir neles, assim como, se existe um plano de carreira dentro da organização.

Com tanta complexidade, as consultorias especializadas nesse tipo de recrutamento são grandes parceiras na hora de encontrar os profissionais certos para cada posição. Isso porque elas trabalham  em conjunto com a área requisitante e com o RH, para definir o plano estratégico e o diagnóstico para cada vaga, o que aumenta exponencialmente o sucesso de cada contratação. Outro papel importante preenchido pelos especialistas do setor é o networking e o relacionamento contínuo com o mercado. Sem isso, encontrar, atrair e reter talentos nessa área torna essa tarefa mais desafiadora. E, contratar errado pode ser tão prejudicial quanto não contratar.

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