Processo contra empresa Monsanto pode trazer mudanças positivas

A empresa gigante de agroquímica e biotecnologia agrícola Monsanto foi condenada a pagar 290 milhões USD a um homem, após ter sido declarada culpada de lhe causar câncer. O homem em causa trabalhava e usava os pesticidas da empresa todos os anos, mais de 30 vezes ao ano.

Essa foi uma decisão mediática e considerada chocante porque a empresa garante que existem mais de 800 estudos científicos que comprovam que o glifosato (base dos produtos mais usados pela vítima e herbicida mais usado no mundo) não causa câncer. Contudo, o caso que foi aberto em 2016 ganhou contornos de urgência devido à seriedade do câncer do senhor Dewayne Johnson que é um câncer do sistema linfático em que os médicos consideram ser improvável que ele viva além de 2020. Para complicar o caso, a Agência de proteção ambiental dos Estados Unidos declarou em Setembro de 2017 que após uma detalhada análise dos riscos do químico que provavelmente não provoca câncer nos seres humanos. Por outro lado, o departamento que analisa todos os tipos de câncer da Organização Mundial de Saúde em 2015 classificou o glifosato como provavelmente provoca câncer aos seres humanos. Contudo, o advogado do sr. Johnson apresentou documentos da empresa que comprovam que a Monsanto sabia há já várias décadas que o glifosato pode provocar câncer e que a empresa apenas se preocupou com continuar lucrando com o herbicida. O caso ganhou ainda mais importância por a Monsanto ter sido comprada pela também gigante Bayer e com todo o poder e influência que sabemos que isso significa. Ainda assim, os jurados declararam que a empresa agiu de má fé propositadamente e declararam-na culpada.

Isso além de alertar para o uso de produtos agrotóxicos e seu impacto na saúde dos seres humanos, revela que o mundo está cada vez mais consciente da necessidade de mudança e que práticas não controladas ou de acordo com a lei serão duramente castigadas. Esse caso abre um precedente que será seguido por diversos outros advogados e vítimas de agrotóxicos em todo o mundo e demonstrou que nem as gigantes do setor conseguirão usar sua influência para sair ilesos desses processos.

A médio prazo isso significa uma aposta em produtos cada vez menos tóxicos e mais orgânicos que não só beneficiarão toda a agricultura como os milhões de pessoas que todos os anos trabalham e vivem da mesma. Além de criar uma consciência maior nas pessoas para o uso desse tipo de herbicidas, as próprias empresas também irão reconsiderar com receio de futuras consequeências como a que a Monsanto sofreu. Ainda assim, esse foi o primeiro veredito e a Monsanto pode e, com certeza, irá recorrer da decisão mas prova a atenção dada a esse tipo de produtos é cada vez maior e terá um impacto gigante nos resultados de vendas do mesmo.

Isso significa que o primeiro passo está sendo dado para uma agricultura cada vez mais orgânica, biológica e sustentável que satisfaça todo o tipo de interesses e procura.

Últimas notícias