Multicloud e o impacto nos negócios
Por Paulo Ceschin, Sales Director da Red Hat Brasil
Salvador, 22/01/2021 – O conceito de multicloud é simples de entender mesmo para aqueles que não são do mundo a tecnologia. Mas antes vamos recorrer um pouco à história. A primeira vez que o termo nuvem” foi usado decorre dos anos 60, a partir das ideias do americano J.C.R. Licklider, psicólogo e cientista da computação. Um pouco antes, no entanto, na década de 50, outro americano, o matemático John cCarthy, criador do termo “inteligência artificial”, passou a definir a computação como uma utilidade pública. Nesse contexto, o primeiro uso de nuvem a que se tem notícia foi feito na ocasião em processamento de transações financeiras e dados do censo.
A história evolui, as ciências da computação avançam, mas foi mesmo apenas em 1997 que o termo “computação em nuvem” apareceu pela primeira vez, em uma palestra para acadêmicos pelo matemático e professor de sistemas de informação, Ramnath Chellappa. Não demorou muitos anos quando, na década seguinte, muitas empresas começaram a trocar hardware por serviços em nuvem, atraídos fortemente por alguns grandes benefícios: redução de custos e melhora da eficiência.
Simplificando: a computação em nuvem nada mais é que a entrega de recursos de TI pela internet com definição de pagamento de acordo com seu uso. Ou seja, ao invés de investir para manter datacenters e servidores físicos próprios, empresas passaram a acessar serviços de tecnologia com grande capacidade computacional e de armazenamento usando um provedor de nuvem externo.
Voltemos então à multicloud: trata-se de uma abordagem composta por mais de um serviço e de um fornecedor de nuvem, seja ela pública ou privada. É muito provável que sua empresa, se ainda não utiliza, pode precisar logo dessa solução. Um caso clássico dessa demanda se dá em organizações que passam a investir na expansão de sua estrutura de nuvem. Foram feitas migrações de servidores bare-metal (pelo qual o cliente tem acesso aos componentes físicos do hardware – e não por meio de recursos virtualizados – o que faz com que se assemelhem muito a um servidor dedicado) e agora a empresa avalia opções de nuvem pública para ferecer suporte a um aplicativo específico voltado para o cliente com altas taxas de uso variável.
Os profissionais de TI responsáveis pelo projeto então encontram um provedor de nuvem pública que possui a combinação de contratos no nível de serviço (SLAs), protocolos de segurança e tempo de atividade para hospedar seu aplicativo personalizado. Apesar de satisfeita com essa opção, a organização percebe que seus clientes começam a pedir recursos que só são disponibilizados por meio de um aplicativo proprietário do fornecedor. A integração desses recursos ao seu aplicativo personalizado passa a exigir a compra do aplicativo fornecedor, mas também impõe a necessidade de hospedagem na nuvem pública pela qual ele é proprietário. A solução, enfim, permite que os dois aplicativos tenham escalabilidade com a demanda. Pronto. Agora a multicloud está consolidada.
Uma pesquisa feita pela Red Hat entre julho e setembro de 2020 com organizações em todo o mundo apontou que a gestão de TI em nuvem (39%) e infraestrutura em nuvem (32%) estão entre as prioridades para 2021. Por meio desse estudo, 27% afirmaram que a estratégia de nuvem para 2021 será híbrida. No entanto, já chama a atenção a quantidade de corporações que passarão a adotar uma estratégia multicloud: 11%. Outro resultado aponta que haverá, ao longo deste ano, um forte aumento no uso de três ou mais nuvens.
Nesse cenário, o open source aparece como grande destaque, pois oferta escalabilidade, flexibilidade, colaboração e transparência em um momento no qual as companhias mais precisam. As soluções são desenvolvidas em comunidades abertas e transparentes. Como consequência, são compatíveis com qualquer nuvem ou infraestrutura. Boa parte das ferramentas open source, importante ressaltar, tem procedimentos e automações já prontos para instalação nas principais clouds.
O que vem pela frente é um mundo muito mais ágil e automatizado. E sua empresa não pode ficar fora disso. O multicloud já é uma realidade para muitas companhias, mas também representa muitos e novos desafios. É inegável, no entanto, todos os avanços tecnológicos gerados a partir dessas soluções. A pandemia acelerou processos, a concorrência aumentou, os prazos estão cada vez mais apertados. Olhar para o futuro é agir agora mesmo. O resto é história.
