5 dicas de branding & cultura para sua startup ou Venture Capital

Por João Gabriel Chebante, especialista em “Corporate Venture” do Grupo FCamara

Salvador, 24/03/2022 – A rotina de um investidor em startups não muda muito, independentemente de qual estágio ele aplica os recursos, sejam próprios ou de terceiros. Revisão e lapidação da tese de investimento, análise de potenciais investidas e diálogo com as empresas em portfólio e agentes do ecossistema podem ajudar nesta jornada, como grandes corporações, outros fundos, mentores, investidores, etc.

Como observador e membro do ecossistema, posso dizer que avaliar uma startup para entrar no seu portfólio ou seus resultados após o aporte é quase sempre um exercício de auditoria e consultoria: projeções econômicas e de mercado, principais índices de desempenho, conjunturas de macro/microambiente de mercado, roadmap de implementação e de inovação no segmento de atuação, ou seja, uma soma de análises que tentam mitigar riscos e mostrar caminhos para o crescimento rápido e consistente do ativo.

Como um profissional com origem diferente da maioria dos pares no ecossistema de startups e venture capital/corporate venture, percebo que analisando os principais reportes anuais de marcas mais valiosas do mundo, as empresas de tecnologia lideram não somente por seu valor de mercado, mas porque possuem no branding um pilar de construção de diferencial muito acima dos seus pares e mesmo de outros setores da economia.

Então, por que os investidores de Venture Capital e suas vertentes não analisam a construção de marca e cultura das suas investidas? Será que os empreendedores focam muito mais no produto/solução em si, do que na cultura, time e consistência para buscar um propósito a partir de um problema ou oportunidade?

Pensando nisso, vejo algumas premissas para um investidor ou empreendedor começar a produzir um programa de branding e cultura para construir e aferir sucesso. Principalmente porque, ao tratarmos de startups, as incertezas são ainda maiores do que uma Apple, AmBev ou Magazine Luiza podem enfrentar em seus mercados. Logo, a potência de uma cultura e seus pontos de contato precisam ser ainda mais fortes para vencer as adversidades.

Mas o que ponderar para fomentar uma cultura forte e consistente em uma startup? Posso citar cinco fatores que podem fazer parte do seu playbook, independentemente de qual lado da mesa você esteja.

A jornada dos empreendedores: Falar sobre o passado diz muito sobre o futuro, em relação à cultura. Construir um hábito pode levar tempo – o que não é exatamente o ativo que uma startup mais possui. Logo, a jornada do empreendedor (e do investidor também) conta muito sobre sua capacidade de execução, valores, interação com time e mercado.

Perfil da equipe: Não somente no que tange ao complemento que geram entre si, mas também a história deles em conjunto – como se conheceram e o que enxergaram para trabalharem juntos.

A capacidade de execução e superação: Quando entrevisto algum empreendedor ou candidato, adoro saber as histórias que ilustram a capacidade e execução, sem exatamente perguntar diretamente sobre o tema. O mesmo sobre os desafios que encontrou no caminho. É assim que descobrimos a resiliência e criatividade em um ambiente de poucos recursos.

A vida fora do expediente: A despretensiosa pergunta sobre hobbies e família é bem importante, pois explica muito sobre a pessoa e seu espírito de equipe, muito mais do que se compararmos a um discurso corporativo pronto e decorado para contar. Cultura é o que uma equipe ou seus membros realizam quando não estão sendo vistos. E o não expediente é a forma mais assertiva de enxergar isso.

Sinergias entre as partes: O processo de construção de cultura numa empresa de forte crescimento precisa envolver a todos. Isso inclui tanto o investidor com a startup, quanto o contrário, principalmente em mercados com o Corporate Venture/Venture Capital mais maduro ou líquido. O time de fundadores precisa encontrar um investidor que passe no seu “processo seletivo” e se encaixe na cultura que está construindo, agregando e catalisando com recursos financeiros e humanos sua jornada.

Se, ao chegar a este trecho do artigo, ainda houver dúvidas sobre a importância de se construir e acompanhar a cultura de uma startup, pense que Jorge Paulo Lemann sempre diz em suas entrevistas que, no final do dia, seu negócio não é cerveja, hambúrguer, catchup ou persianas, mas sim, uma cultura forjada há 50 anos no Banco Garantia, que procura oportunidades de mercado que podem se enquadrar e gerar valor aos acionistas. E ele é o homem mais rico do Brasil. A fórmula dele parece funcionar, não?

Últimas notícias